terça-feira, 29 de dezembro de 2009

À procura da felicidade

Este texto também poderia ter outro nome. Ou não. Vou decidir quando chegar ao final dele.

Faz tempo que quero escrever sobre mim. Sobre o "mim" de ultimamente. Eu tenho me sabotado bastante. Grandão. Big time. Sabem? Talvez sim, talvez não. Mas tenho me sabotado. Lutado contra mim, principalmente. Aquilo que dizem sobre alguém ser seu próprio inimigo, bom...digamos que eu seja meu próprio Darth Vader. No fundo, lá no fundo quero meu bem, me preocupo comigo e tenho um carinho forte por mim mesmo. Mas me prejudico incrivelmente sem muito esforço. Sem muito pensar.

Ando procurando acreditar em sinais. Não sei se isso faz de mim uma pessoa religiosa, mas acredito realmente que fazemos nossos próprios sinais. Acontecem "fenômenos" com dez pessoas e cada uma delas tem uma forma própria de encará-los. Chegando em casa agora, peguei o final do "À Procura da Felicidade" (The Pursuit of Happyness) e parei para pensar. Logo no começo do filme, ficamos sabendo que o objetivo do personagem do Wil Smith é caminhar lado a lado com as pessoas bem-sucedidas que ele vê andando em frente aos prédios de escritórios. Ser como eles. Todos nós sempre temos objetivos. Os "o que eu quero ser quando crescer" daquela semana, daquele mês. Daquele momento. Se o filme acaba quando o personagem principal conquista esse momento, na vida real precisamos buscar novos momentos para alcançar.

Eu ando sem um momento desses. E, sem querer ser piegas mas não fazendo muito para evitar. estou sentindo falta de mim mesmo. Ando deixando minha felicidade nas mãos e opiniões dos outros. Por mais que saiba que estou errado em fazer isso, não tenho conseguido evitar esse comportamento. E me sinto deveras burro. Como acho que emburreci de uns meses para cá.

Eu sei que falar sobre isso só alimenta essa situação em mim mesmo, como papel seco numa fogueira. Fotos que a gente não quer mais. Mas me faz bem falar. E ando precisando do meu humor de volta. Então falo. E/ou escrevo.

Queria poder mudar sozinho, sem admitir que outras pessoas poderiam me ajudar. Por não querer depender de mais ninguém. Ciclo vicioso.

Quero terminar - e termino - dizendo que vou mudar. Que vou me corrigir, me consertar. Porque ando errado assim, como profetizou o anjo safado. Tanado!

E este texto poderia se chamar também "Gatos e patos". Mas isso seria equivocado demais. Talvez noutra hora. Mas prefiro que não.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Eu me expresso mal?

Tinha uma época que esse blog aqui me estressava um pouco. Porque se tem uma coisa que me deixa fodido da vida é nego não entender o que eu quero dizer. Porque eu não me acho alguém que se expressa mal por escrito. Mas esta época passou, a época desse blog passou. Para ser mais exato, como disse uma amiga, a época dos blogs diarinhos passou.

E aí restou um pessoalzinho que, na grande maioria, são meus amigos. O restante é suficientemente inteligente para discernir quando eu estou fazendo uma piadinha e quando estou falando sério. Salvando-se algumas exceções, vocês entendem o que eu quero dizer e isso é muito bom. Porque não me deixa naquele dilema do tipo "eu me expresso mal, eu tenho pensamentos muito esquisitos ou a pessoas é que são burras mesmo?"

Este ano, o blog de está sendo um viveiro dos comentários mais diferentes possíveis e imagináveis. Me recuso a pensar que o problema é que o leitor desse blog é burro: ou seja, não é nem que eu sou burro e não percebi. Assim, sério: tem momentos que esse blog é ódio puro (mas tem momentos que é lazer sem fim também, por isso que eu faço).

Coisas que me espremiam

Não posso reclamar de 2009. Foi um ano generoso e as coisas efetivamente giraram para mim. Não foi perfeito, mas só porque nunca é. Se fosse perfeito, eu não teria nada para fazer em 2010 e isso seria muito chato. Muita gente reclama desse ano e quer que a barreira simbólica do revellon passe logo. Dou razão para uma ou duas, teve gente que foi espremida até sair suco dos ossos. O resto reclama de barriga cheia e, ano que vem, vai estar falando exatamente a mesma coisa de 2010.

Não é exatamente uma crítica, é uma constatação mesmo: a gente gosta de reclamar. Eu mesmo reclamo de muita coisa, bla bla bla. Mas não da pra negar que a minha vida, afinal, se acertou nessa parte de trabalho: eu to satisfeito, tenho planos e me sinto estável de grana e de função.

Não sei se está certo pensar assim, mas, para mim, era a base que eu precisava para me preocupar com outras coisas. E, ah, isso tem uma relação enorme com meu post...

2009 foi um ano em que eu efetivamente superei algumas das coisas que me espremiam. O que eu procuro desde, sei lá, sempre. Ainda não saí da casa da minha mãe. Ainda não escrevi meu livro infantu juvenil e nem o meu livro de fantasia. Ainda não esfreguei minha genitália em todas as meninas que tenho vontade. Mas, bem, uma coisa de cada vez, né?

Então pra você aí, que tenha um 2010 em que você consiga acabar tão satisfeito quanto eu. É o que da para eu desejar agora.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Sophia, a cadela gente fina


eu sei que a foto é estourada e não está muito boa. a escolha é pelo que ela ilustra

Não tenho certeza da idade dela. Eu costumava pensar que encontrei ela (portanto, que ela nasceu) aos meus 12 anos de idade, então dizia que ela estava com 18 anos de idade.Mas eu não tenho muita certeza disto. Eu esperava que a qualquer momento eu fosse acordar e dar falta dela e do meu carro na garagem porque é o que as pessoas de 18 anos fazem. Não deu tempo dela fazer isto. Mas o importante é que sei que ela viu o impeachment do Collor e o fusquinha do Itamar. Viu o Brasil ser tetra. Viu eu comprar um videogame no lugar de dar entrada em um carro, me arrepender e ainda ter o videogame quebrado. Viu eu aprender a dirigir, viu eu entrar na faculdade e sair dela. Viu eu entrar e sair de depressão. Viu todas as minhas namoradas. A Sophia, a cadela gente fina, viu tudo.

A Sophia, a cadela gente fina, pelo que eu me lembro era o presente de dia das Mães da minha mãe. E no começo deu muita briga, porque já tinhamos um outro cachorro que não foi muito com a cara dela (na verdade ele não ia com a cara de absolutamente ninguém).

E ai que a Sophia dominava a casa, eu dormindo no chão para a Sophia, a cadela gente fina, dormir na minha cama escondido da minha mãe, eu dormindo no chão para a Sophia, a cadela gente fina, dormir na minha cama com o consentimento da minha mãe e, afinal, todos dormindo no chão.

A Sophia era esse tipo de cachorro sem noção. No sentido da pureza mesmo. Armava estas cenas esquisitas como a da foto e fazia esta cara aí de isso aqui é normal, você que não é, não sei do que você ta rindo. Ou sentar numa escada com a bunda num degrau e as patas da frente no nível do piso. Ou deitar na sua cama toda atravessada de um jeito que você mesmo não caberia nem se esforçasse muito. Vocês entenderam. Mas acho que, de tudo, o que a gente mais gostava da Sophia, a cadela gente fina, era o rabo dela. Cada vez que ela balançava o rabinho para os lados, a gente balançava inteiro. Nós já tínhamos outra cachorra, mas ela tinha o rabinho cortado. A Sophia era assim, com rabo. Se eu pudesse pensar em alguma coisa para chamar de alegria que contagia, com certeza esta coisa seria o rabinho da Sophia.

Eu tive diversos outros bichos. Antes da Sophia, a cadela gente fina, já tive tartaruga, peixinho, gatos e uma outra cadela. Ainda tenho outros no estoque lá em casa. Mas desse pessoal todo, ninguém eu gostei tanto quanto ela. Eu sempre soube que ficaria muito triste quando ela se fosse, mas é o tipo de coisa que a gente nunca sabe o suficiente até acontecer. De vez em quando chego em casa e ainda olho pros cantinhos onde ela costumava ficar mais depois que ficou velhinha. O céu dos cachorros deve estar em festa até hoje. Sorte do céu, azar da família Clay, vocês sabem como funcionam os ciclos.

Todo mundo que tem bicho fica com aquela viadagem de dizer "é a minha filhinha". Minha mãe gostava de dizer que ela era a mãe da Sophia e que eu era o irmão.Hoje fazem dois anos que ela se foi, não sou do tipo de fazer posts desse tipo, mas a Sophia a cadelinha gente fina merece.

E você aí não pode me condenar em pensar num céu de cachorros como uma criança faria: é o meu cachorro de infância, desde os meus 12 anos de idade. A Sophia, a cadela gente fina, viu tudo.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Pornografia cabeça


Shazam!!! / BRINKS!


Playboy da Fernanda Young né? Vamos falar disto agora que o assunto não está mais na moda. Mantendo minha tradição de chegar atrasado nos lugares. Conto pra vocês uma coisa: eu já comi melhores. E também conto pra vocês mais outra coisa: também já comi piores. Que eu já comi piores vocês acreditam, né? Inclusive vocês acreditam que este agrupamento que carinhosamente denominei de PIORES deve representar uns 99% das mulheres com que já saí. E que este 1% não representa sequer uma mulher inteira. "Tinha aquela lá que eu vi com o Clay uma vez, ela tinha o antebraço esquerdo muito bonito... já não se podia dizer o mesmo do direito". Não condeno vocês: não é meramente mais fácil, é também mais DIVERTIDO dar credito para os descréditos das pessoas.

Também, o que é que eu poderia reclamar, né? Eu já saí com umas meninas tão ruins que, sozinhas, derrubavam o valor de 3 das melhores mulheres com quem eu já tinha saído. Tipo aquela lá que me chamava de CLAYZITOS. Mas não foi isto que eu guardei como o pior dela. O que eu guardei como o pior dela foi o fato dela ser ÁSPERA. Não, não me refiro a um desvio de personalidade: lembro bem de beijar a barriga dela e pensar "cara, esta menina é ÁSPERA". Não encontrei na literatura científica menção a outras pessoas que fossem ásperas. Vai ver que ela era filha de um jacaré com uma lixa de unha, sei lá. Aí passei uma noite pensando que lamber a calçada devia ser muito parecido. Mas, resumindo: ninguém duvida que eu já comi piores que Fernanda Young.

Só o que eu acho é que Fernanda Young tinha toda aquela coisa de mulher independente, bem sucedida, escritora, bem resolvida na vida, exemplo de como uma mulher deveria ser, queimem os sutiãs e cubram homens na porrada, faz um monte de tatuagem pra parecer um mangá, é bem resolvida e da pra quem quiser, etc. E aí alguém fala que ela vai sair na Playboy e ela fala que vai mesmo. E automaticamente começa a se explicar, dando a entender que ela está se rendendo a algo chulo (?), mas com o objetivo de salvar este algo (???). Tipo uma heroína mesmo. E, desculpa, uma pessoa que É não precisa se justificar tanto. Precisa menos ainda repetir tantas vezes que ela é muito melhor que ex-BBB (tudo bem, eu sei que é mais fácil dar crédito para os descréditos das pessoas... mas... como e quem define o que é descrédito, afinal?). Que até onde eu sei, tem duas coxas, dois peitos e tudo mais que ela também tem. E que é o objeto dos ensaios da revista Playboy.

No fundo, se você parar pra pensar, um dos princípios dos ensaios nus da Playboy acaba sendo este: o de trazer pessoas a um denominador comum. Tem atriz de novela, tem passista de escola de samba, tem socialite e tem protagonista de escândalo político. Tem jogadora de basquete, jogadora de vôlei e gente que nem joga nada, mas que pode ter decidido algo sobre a Copa do Mundo de 1990. Daqui a muita lipoaspiração e cirurgia plástica, vai ter ex-aluna de faculdade. E, aí, desculpa, mas tem ex-BBB e tem Fernanda Young. Não adianta tentar se colocar como outra coisa porque você é a mesma coisa que todos. Não existe um jeito de intelectualizar um ensaio nu dentro do conceito desta revista. Nem escrevendo você mesmo o texto de seu ensaio porque nem um poema barroco faria uma Playboy parecer algo intelectualizado. Ela não deve ser algo intelectualizado. Fala que foi por dinheiro ou por vaidade, são coisas que eu acho dignas se assumidas. Para fazer algo realmente diferente, tente sair nu na revista sendo um homem, sei lá.

Se você aí for uma daquelas meninas que acham a Fernanda Young um grande exemplo de mulher a ser seguida, você devia ter vergonha de frequentar a sociedade de um modo geral. Porque ela é só fanfarrona e arrogante mesmo, mais nada. Mas gosto do pouco que já li dela, isto eu admito. Eu tenho preguiça de quem acha ela incrível porque ela provou que não é.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Diarinho sobre Lamúrias

A próxima meta é escrever um livrinho infanto juvenil. Vou explicar para vocês a crise existencial em torno disto. Que este meu emprego novo-que-é novo-faz-quase-dois-meses faz isto com a gente: traz aquela sensação de total desconexão com o mundo. Parece que você está perdendo os amigos, a família, esquece as coisas que sabe fazer ou quantos dentes tem na boca.

Não se parece com a maioria das coisas que você aí já fez, eu te garanto. To longe daquele nível de quem está procurando outra carreira profissional, porque eu to satisfeito com isto. Pintar planilhas de excel continua parecendo mais louvável que fazer 174 copos de suco . Eu prefiro tentar achar alternativas de me manter conectado às coisas. E aí eu acho que ninguém sabe o QUANTO eu gosto de escrever.

E eu não sou muito bom, mas eu tenho um talento ou outro dentro disto. Difícil é publicar um livro, ninguém quer investir em alguém que tem dias contados para escrever. Eu mesmo não quero trabalhar com este cara. Mas as maravilhas da informática, né? Que eu posso escrever uns textinhos e publicar sozinho no meu quarto. Tudo sozinho. Não da pra imprimir em uma gráfica dentro do meu quarto, mas da para digitar o manuscrito e fazer o texto sair. Fica fake mas, e daí, né? O resto eu posso escrever, cantar, interpretar, sugerir, expirar, etc. Não se trata de fazer nada muito legal não. Trata-se de ter um hobby, e isto ta fazendo aquela falta.

Já que eu pareço tão incapaz de escrever algo bom que volto aqui pra fazer esta coisa diarinho sobre lamúrias. O blog tinha mais ou menos esta função, um hobby arte. Hoje eu mantenho ele por puro apego e uma vez por semestre eu escrevo algum texto que eu mesmo acho bom. Aí o lance é fazer um livrinho com umas 200 páginas.

Mostrar pra um punhadinho pequeno de gente e se este punhadinho pequeno de gente gostar eu mostro pra um punhadinho maior depois. Tudo para preservar a minha auto estima, eu não sou meramente gato pra caralho, eu sou orgulhoso também. Vamos ver no que vai dar... o meu manuscrito, este meu diarinho sobre lamúrias, etc. Vou me ater à filosofia de que se ficar uma merda, pelo menos eu me diverti fazendo...

... mas é claro que estou sonhando com glória, fortuna, mulheres arrancando minha roupa no palco e casa de show virando casa de swing. Um homem tem o direito de sonhar, não?

Na verdade eu estou retomando este blog mesmo que seja para ser um diarinho estúpido como uma resistência ao baixo conteúdo do Twitter. Não que eu não goste dele. Mas, né? E todo o saudosismo que o aniversário de 13 anos do ICQ me trouxe. Os tempos áureos da internet... como os tempos áureos em que eu tinha namorada... enfim...

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Superman é o mais forte?

- Tem alguém mais forte que o Super-Homem?
- Às vezes, aparecem uns e outros. Mas o Super-Homem acaba ganhando porque ele tem revista própria.

Mais uma vez de novo vou comentar sobre o tempo que fiquei sem escrever aqui. De tempos em tempos eu dou uma sumida e venho me justificar por ter ficado fora, ou por ter voltado sem os cigarros. Como já disse algumas vezes, eu (como alguns familiares e amigos) tenho uma capacidade muito grande de me sentir culpado. A ponto de ficar inventando motivo pra me culpar. E a preocupação da vez era vir escrever só quando tivesse alguma idéia muito original e que influenciaria as vidas de várias pessoas. Ah, bobagem. Não sei onde li isso, mas alguém falava que estava cansado de escrever coisas úteis pros outros. Bom, eu cansei também.

Então, eu só vim aqui escrever que estou vivo e bem.

Pela atenção, grato.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

José Sarney, o primeiro presidente de que me lembro

Dois joinhas pra você também, seu Zé!

Aí é isso aí, eu me lembro quando fui para São Luis fazer um bico no começo do ano. Aquela, capital do Maranhão. Terra dos lençóis maranhenses, da invasão holandesa, terra da balaiada. Deu ao Brasil a cantora Alcione e Zeca Baleiro. São Luis é a dos semáforos com acabamento de azulejo e daquela lagoa que ficava atrás do hotel que eu morria de medo.

Acho que é em São Luís mesmo que os Sarney moram, ainda que aquele maior de todos seja senador pelo Amapá. Não ligo muito pro Sarney, não sei por que é que as pessoas ficaram tão putas com ele ali. Ele fez um monte de merda e voltou, aí fez outro monte de merda e a gente vai trazer ele de volta se houver oportunidade. Porque ele é um literário e a prerrogativa de ser um literário é ter habilidades em administração pública. Ou o contrário. O Sarney é protagonista de uma das piadas que eu mais contei durante minha infância: não lembro bem como ela era, só lembro que eram vários caras de vários países discutindo heróis nacionais, algo como "no meu país, fulano perdeu uma perna na guerra e se tornou um grande defensor do desarmamentismo". E quando chegava na vez do brasileiro falar, ele dizia "no meu país, um homem foi decaptado, implantaram um coco no lugar da cabeça, colocaram um bigode e ele se tornou presidente da república". Não é porque eu achava isso realmente engraçado, é mais porque era a única piada que eu sabia contar.

Outro dia eu estava com uma amiga na rua e uma criança, com uns 11 anos de idade, no máximo, me parou tentando me vender uma faixa escrito FORA SARNEY. Respondi que eu não queria não. Expliquei que, na verdade, eu adorava o Sarney. Não cheguei a dizer, mas acho que me referia ao escritor. Minha amiga sugeriu perguntar para a criança sabia quem era o José Sarney. Prefiri deixar pra lá, se fosse para discutir algo com ela, que fosse o Bob Esponja. Já que José Sarney é um assunto da minha infância. Sinto saudade daquilo lá: o cruzeiro, o cruzado, o cruzeiro novo, o cruzado novo, a volta do cruzeiro velho, nem sei a ordem das coisas. A hiperinflação, o overnight e toda essa alegria: caos nos supermercados e os carros a álcool que não pegavam no frio nem com reza brava. Depois veio o Collor e a abertura pro mercado externo. Aí veio o Itamar, com ele o FHC e a estabilidade da moeda: logo as pessoas perceberiam o valor real do dinheiro e dos produtos.

Então o Lego deixaria de ser um brinquedo financeiramente acessível para minha família, forçando minha desistência da infância e entrada forçada na adolescência. Eu teria passado mais uns anos montando Lego ao invés de correr atrás das menininhas se aquele sociólogo metido a economista dos infernos assim tivesse permitido.


Eu tenho idade suficiente para lembrar do Figueiredo, na verdade, mas eu não lembro dele. Não aconteceu na minha vida o momento Clay, este é João Baptista Figueiredo, presidente da república. Então eu certamente ignoro isso. Eu tinha 5 anos quando Tancredo Neves foi eleito.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Mimimi

Eu estou tão cansado que acho que não tenho muita disposição para dissertar sobre o cansaço. Sinto meu corpo inteiro com aquilo que eu chamo de "dorzinha do cansaço". Aquela, que vocês só chamam de cansaço, porque vocês ainda tem capacidade física de chamar as coisas pelos nomes corretos. Eu tinha pensado em pedir para amputar braços e pernas, assim meu corpo teria menos superfícies sensíveis ao cansaço. Mas aí lembrei que algumas coisas ficam muito importantes ficam difíceis de fazer sem braços e pernas. Tipo escrever um blog. Isto porque há um mês que eu acordo entre 03:00h e 05:00h da manhã e não consigo dormir novamente. É sério. Não estou falando isto para ninguém ter pena de mim. Não estou pedindo um abraço. Mas aceito um pouco de dinheiro, talvez algum sexo. As pessoas perguntavam para mim que horas eu ia acordar e eu nunca sabia. Primeiro que horários entre 03:00h e 05:00h são difíceis de classificar: não sei se isto é "amanhã cedo" ou se "tarde desta noite". Segundo que eu ando sentindo minhas capacidades irem embora: não raciocino mais direito, esqueço coisas, ando irritado e falo palavras erradas. Uma dislexia só: estou deixando de ter um disturbio para ser um distúrbio. Ou estou entendendo o que é tensão pré menstrual. Ando carente, chato, irritado, emotivo e tenho comido mais chocolate do que costumo normalmente. Talvez eu finalmente esteja perto de entender alguma coisa sobre as mulheres.

Enfim, eu só penso nisso: dormir.


Então desculpa pelo sumiço... vocês já nem perguntam mais por onde eu ando, mas acho tão chato não conseguir manter uma constância mínima que seja aqui. Enfim, essa frase foi a prova definitiva de que eu quero sim um abraço. Minha dignidade indo para a casa do caralho, como de costume.

domingo, 6 de setembro de 2009

FOR MEN

Comprei um shampoo para homem. For men, como ele se diz. Aí na saída do supermercado tinha lá uma revista que também era qualquer coisa for men com uma matéria de capa no estilo "fique saradão em um mês" com um cara todo bombadão, mas eu sempre achei que pegava mal comprar revista com homem bombadão. Notem que nem as mulheres compram revistas com homens bombadões na capa, a estética é a mulher gostosa.

Eu na verdade comprei o for men porque eu li numa revista que isto existia e eu nem imaginava mesmo. Que cabelo fazia esta distinção entre ser homem ou mulher. Pensei que fosse tudo proteína mesmo. A revista era uma Playboy, que é uma revista que tem mulher pelada na capa, caso você aí nunca tenha ouvido falar. Aliás, uma tremenda enganação porque você compra pensando que vai ter mulher pelada. E até tem. Mas ela ta escondida ali no meio de um monte de shampoo for men. Veja meu peitinho e compre um shampoozinho, qualquer coisa assim.

Uma revista que fala de homem e põe umas mulheres ali no meio pra enganar a gente. Enganar no nível que me fez comprar tal shampoo for men. Aí hoje eu lavei meu cabelo com ele mas eu não me senti mais masculino com esta revolução higiênica. Na verdade eu não sei bem onde eu quero chegar com tudo isto que eu to dizendo, talvez pra dizer que ser homem está ficando cada vez mais difícil porque é uma coisa cada vez menos definida, os manuais estão desatualizados. O ingresso da mulher no mercado de trabalho. Ou na capa da revista. Sei lá.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

MSN Bizarro

Ela diz:
Sonhei q vc era um matador de aluguel. Pra variar, eu e meus sonhos estranhos uauahuha envolvendo pessoas conhecidas

Eu digo:
Jura? Mas que eu te matei ou que você se sentiu seduzida pela virilidade de um matador?

Ela diz:
auhauhauhhaua eu achava esquisito... vc saía matando as pessoas, meio estranho.

Eu digo:
É meio estranho porque nem é uma coisa que eu faço. Ou pelo menos não fiz na sua frente. Tipo tirar ranho do nariz. É mais ou menos a mesma coisa.

Ela diz:
Hahahahahaha! Vc ja matou pessoas por dinheiro?

Eu digo:
Que nada! Por que você acha que eu sou pobre?

Ela diz:
Hahahahahahahahah!! É verdade... já estaria nadando em dinheiro se fizesse.

Eu digo:
Aí eu casaria com alguma mulher super elegante, culta e artista plástica, daquele tipo que faz quadros horríveis que ninguém compra. Daria pra ela uma mansão com piscina, carro importado, essas porras... e ela ia perguntar "mas de onde vem tanto dinheiro, com o que você trabalhar?" e eu responderia "trabalho com gestão de pessoas"... Pensando assim, eu gostei do seu sonho!

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Homem Primata, Capitalismo Selvagem

Quer dizer, eu estou ali, tomando minha cerveja com esta figura que pode-se dizer que trabalhava comigo, à noite naquele bar que eu gosto mais de dia, aquele, o da melhor coxinha do universo. E ela começa a tagalerar e choramingar sobre pessoas que tem oportunidades INCRÍVEIS no trabalho porque são puxa sacos dos patrões. E eu sinto a cerveja sair do sabor amargo e delicioso, passar pelo pelo carismático mas não ideal sabor azedo e chegar ao tenebroso sabor calcinha cor de pele. Porque choramingar sobre puxa sacos é algo tão 2006.

E não da para entender porque é que alguém efetivamente reclama das tais oportunidades. Não são oportunidades incríveis de verdade. Não existe pulo no plano de carreira e não existe aumento salarial em jogo. Apenas prestígio. Lá, prestígio te ajuda a não ser mandado pra rua quando rola facão, ou te ajuda a arrumar um cargo burocrático. Mas quem quer um cargo burocrático é porque já tem um dispositivo puxador de saco escondido dentro de si. Em algum lugar entre o intestino grosso e a uretra, provavelmente.

- Sabe, não é justo que a fulana seja convidada para fazer apresentações especiais no Faustão enquanto a gente fica fazendo acrobacia com pinos flamejantes na esquina da Rebouças com a Brasil e disputando trocados com os alejados. NÃO-É-JUS-TO-!

(Já tinha contado para vocês que eu sonho em ser circense, certo? mentira, mas a piada ficou legal, fala verdade.)

- Bem, sabe, o mundo não é mesmo justo, tentei explicar.

Ela disse qualquer coisa que queria dizer que ela se recusava a acreditar que o mundo podia ser assim. E eu continuei na dúvida, sobre quem estava sendo niilista e quem estava sendo ingênuo. Depois de alguns milhões após uma hecatombe nuclear, algum ET arqueólogo talvez estude isto e decida, eu mesmo não vou gastar minha vida pensando nisso. Quem está sendo idealista, no entanto, eu acho que sei.

Quando eu trabalhava na seguradora, isto era um problema. Eu chorava, eu me descabelava, eu enfiava a cabeça na privada pra ver se encontrava um mundo belo e florido do outro lado. Aí eu apurava resultados de campanhas de vendas e os resultados diziam que a campanha era um fracasso. "Chefe, sua campanha, é um FRACASSO". Não sei o que eu esperava com isso, talvez que ele fechasse o departamento por descobrirmos que ele não presta pra nada e eu ser mandado embora por não ter mais um departamento para eu trabalhar (O que de fato aconteceu anos mais tarde). Ou talvez fechar a fábrica toda por causa disso, até a matriz. E ele respondia: "veja por este lado, veja por este outro, aí olhe este terceiro lado porque é uma campanha de três lados, o terceiro ta escondidinho aqui... faça um novo relatório e um novo Power Point com estes lados porque a nossa campanha é um SUCESSO".

O que mais me emputecia não era ele maquiar os dados para ter algo dito bonito e usar esta coisa dita bonita para puxar o saco do pessoal grande. O que me deixava realmente fodido era que ele agia como quem acreditava nos números que ele mesmo maquiou. Se ele fechasse a porta e sussurrasse que era para a gente mentir e que eu não podia contar isto para ninguém, talvez eu não ficasse tão puto.

Mas, bem, uma das grandes lições da seguradora foi essa mesmo: a de aceitar o sistema. Não achar ruim fazer algo que você não acredite plenamente porque a maioria das pessoas não vai acreditar nas mesmas coisas que você. Então você chega num acordo. Ninguém ganha a vida trabalhando por ideologia. E eu não sou hippie o bastante pra preferir ser pobre e fodido só porque carregar uma bandeira vermelha parece mais importante. Pra mim ela não é tão importante assim e eu juro que não estou falando isso com mágoa.

Sem mágoa porque alguém me explicou uma vez que isso é capitalismo, não pela relação trabalho em troca de dinheiro, existia uma explicação que realmente fazia sentido, só que eu não lembro. Esta parte vocês vão ter que acreditar quando eu digo porque não lembro mais o raciocínio. Só queria chegar à conclusão de que, de um jeito ou de outro, resolvi aceitar o sistema porque o capitalismo é mesmo sedutor. Eu gosto de e quero Coca-Cola, Nike, Nintendo, etc. Não se trata de desilusão, trata-se de vender a alma ao diabo porque ele tem umas coisas bacanas pra oferecer mesmo.

Bom na verdade nem era sobre capitalismo que eu queria escrever, era o quanto fiquei chateado essa semana por não ter sido escolhido em uma seleção que eu queria muito, mas acho que isso vai ter que ficar para outro post.

sábado, 22 de agosto de 2009

Notebook - Parte 2

Ainda estou querendo comprar um notebook, não deu muito certo o outro que eu tinha encomendado (mas eu explico isso em outro post). É o que escolhi para me dar de presente para meu aniversário que ta chegando aí. Quero comprar um notebook potente, super potente, capaz de realizar um zilhão de cálculos por segundo, que poderia fazer um míssil acertar com precisão um fio de cabelo no outro hemisfério do mundo. Preciso disto para ler blogs, falar no MSN e ver filmes eróticos, em essência. Então eu dei uma volta na Santa Ifigênia, a Coréia brasileira. Só para sondar. Depois entrei no Mercado Livre, que é como a Coréia seria se fosse um site. Tem um monte de caras trazendo notebook para o Brasil, mas a gente fica com medo de comprar deles porque parece que vai vir em uma caixa suja de sangue. Mandam a caixa com um notebook pra cá e a gente devolve a mesma caixa para os EUA com algum morador de Governador Valadares, um tipo de troca justa. Ainda não achei o meu note, tenho medo de loja de internet, fico achando que vou cair em golpe. Eu compro o note e de dentro dele sai um anão que vai bater em mim e roubar meu dinheiro e minhas cuecas. Então to aqui rachando a cabeça para descobrir se este ou aquele lugar são ou não confiáveis para comprar o note. Ligo pra lá e pergunto "quanto está o Acer de tal modelo? E o Toshiba? Tem anões trabalhando aí?"

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O Alligator

Olha, eu tenho vergonha de vir aqui admitir isto publicamente. Mas acho importante tratar do assunto para que caia o tabu. Digo isto porque, depois que admiti que passei pelo problema, mais pessoas admitiram o mesmo para mim. Talvez se todos tivessem a postura de explicitar publicamente o fato, haveria menos preconceito e poderíamos tratar isto como uma questão normal. Bom, sem rodeios: estes dias, meu celular caiu na privada. Eu tinha acabado de consertá-lo, um dia antes mesmo, e aí, tchibum. Você aí pode estar rindo de mim e me olhando com aquele pensamento de que eu sou um imbecil, que não colaboro para o desenvolvimento da humanidade e pensando que sou o tipo de ser que deveria estar no fim da cadeia alimentar. Para você eu digo que já pensaram assim dos gays. Hoje em dia eles são considerados um nicho de consumidores importantíssimos economicamente e têm até a própria parada do orgulho. Talvez algum dia as pessoas se unam para fazer uma parada só de gente que deixou o celular cair na privada. Assim, com orgulho, né?

Como aconteceu eu não sei direito dizer: levantei do troninho ainda com as calças arriadas e aí que ele fez o seu duplo carpado. Também não vou dar detalhes sobre o resgate. Só digo que se aparecerem escamas na minha mão daqui uma semana, conto aqui no blog.

O fato de eu ter acabado de tirar ele do conserto só aumenta a raiva. Estava com aquele visor da frente todo rachado. Ele bem podia ter deixado para fazer isto ainda quebrado, mas esperou até o dia seguinte. Talvez uma coisa no estilo quando estiver com meu maiozinho novo, eu pulo na piscina. Fiquei tão puto da cara que a minha vontade era de dar a descarga, só que na hora eu só conseguia pensar naquele filme da nossa infância, o Alligator. Que pra quem não conhece, era a história de uma família nova iorquina que ganhava um filhotinho de jacaré de presente e, quando enjoaram dele, jogaram o bichinho na privada e deram a descarga. Aí o jacarezinho passa a infância e adolescência dele comendo cocô dos humanos - eventualmente algum celular que caiu na privada também - até que ele se tornou muito muito grande, muito muito forte e resolveu sair do esgoto e passear pela cidade porque estava muito muito puto. Aí ele saia por aí tocando o terror e comendo seres humanos. Que tinham mais valor nutritivo que só os seus cocôs. Uma história muito coerente: se minha mãe tivesse me jogado na privada e dado a descarga, eu também acharia que sou o tipo de pessoa que deveria se alimentar de seres humanos.

Mas enfim: o ponto todo disso aí é que eu não quis dar a descarga no meu celular pensando no Alligator. Sei lá se meu celular não ia ficar muito grande e tocar o terror por aí. O japonês que inventou as histórias com robôs gigantes provavelmente foi um cara que deu a descarga no celular dele e pensou nisso tudo aí, mas com o final feliz, já que os robôs gigantes protegem a gente (de caras como o Alligator). Se bem que quando os robôs gigantes foram inventados, os telefones celulares ainda não existiam, então ele deve ter dado a descarga em alguma outra coisa que fosse tecnologia de ponta no seu tempo. Tipo, sei lá: um daqueles chaveiros que tinham um monte de botões: quando você apertava o primeiro, fazia um barulho de metralhadora, o segundo, o barulho de uma bomba caindo, etc.


O pior mesmo é que com a morte do celular, eu perco todos os números de telefone dos meus amigos. Porque é claro que eu não tenho tudo anotado em outro lugar. Como uma pessoa normal: eu deixo meu celular cair na privada, mas eu sou uma pessoa normal.

domingo, 16 de agosto de 2009

Twittando 001

Vamos aprender agora como fazer uma receita de mousse de maracujá para impressionar a sua mãe, namorada ou Avó.

Junte no liquidificador o conteúdo de uma lata de leite condensado, uma lata de creme de leite sem sono e suco concentrado de maracujá a gosto. Bata até obter uma mistura homogênea. Separe um maracujá bem escolhido no supermercado para utilizar os caroços como decoração e para dar um tchans a mais. Ferva em uma panela à parte o conteúdo de uma embalagem de gelatina incolor. Isso, a gelatina incolor que você deveria ter trazido do mercado.

Ah, esqueceu dentro da cesta de compras?

Pois é, eu também.

Mande uma mensagem SMS para sua irmã, que trará a gelatina sem sabor e fará ela mesma o mousse. Agora é só comer.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Lá e de Volta Outra Vez

Acho que o que eu podia fazer era refazer esse layout. Dar uma outra cara. Pra ver se eu me empolgo mais com esse negócio aqui. Na verdade eu preciso de um blog temático sobre a crise dos 30. Que não necessáriamente veio com 30 anos, já expliquei isso pra vocês. Mas agora eu to com quase 29 então vocês vão me dar moral para reclamar de chegar aos 30 cheio de bobagens na cabeça. Quando eu tinha 27, as bobagens eram as mesmas, mas eu preciso da idade, vocês sabem. Bom, não vem ao caso, não faz muito tempo que eu falei de crise dos 30 aqui e vocês vão achar que estou sendo repetitivo: o ponto é que eu cansei desse POWER HOUR gigante aí em cima e eu queria mesmo me motivar a voltar a escrever. Vou parar de falar de falar de meninas de biquini também, porque isso a gente fala quando a gente tem 15 anos. Quando a gente ta chegando aos 30, conclui que ta fazendo papel de bobo ao falar tanto sobre sua paixão por meninas de biquini (mas ninguém pode me repreender por continuar pensando muito no assunto, eu tenho o direito de continuar tendo 15 anos de idade mental).

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Um Maluco no Pedaço

Vamos lá, a tese de hoje é a de que o maluco sou eu. Porque, não importa muito como isto aconteceu, mas alguém finalmente conseguiu me fazer enxergar a perspectiva do avesso. Olha que esse meu amigo já me contou isto umas 500 vezes. E eu já concordei com ele. Mas, vocês sabem, que a gente tem o hábito de enxergar os próprios defeitos mas não de se incomodar de verdade com eles. "Oh, você tem razão, sou um escroto, preciso melhorar, mas vamos fazer isto depois que eu tiver entendido coisas realmente importantes como as causas da obcessão de adultos pelos brinquedos que vêm no McLanche Feliz". A gente efetivamente percebe, mas não sofre as coisas. Um dia acontece alguma coisa ou a gente simplesmente acorda idiota e passa a pensar pra valer nestas coisas. Geralmente é a hora que a gente pensa que fazer terapia seria legal.

Vou dar um exemplo NÃO recente, mas que ilustra bem. Eu estava traçando saindo com a fulana. Era uma coisa bem casual a princípio. Ela era um tanto carente e eu percebia isto. E não gostava. O problema não era propriamente com a carência em si, mas em eu ser o cara que tinha que resolver isto. E toda aquela densidade psicologica que tinha que ser convertida em mensagens de SMS, MSN, Orkut, por terra, por ar, pelo mar. Uma amiga minha diz que o problema é que as mulheres assistem Sex & The City e acham que tem a capacidade de fazer sexo casual quando só conseguem pensar na perspectiva de ter alguém para xingar por esquecer a tampa da privada levantada. Então tem que ter algum clima de romance. Não pode ser uma amizade com foda: é um clima leve de romance. Não sou eu quem to dizendo isto, ok? Foi outra mulher que disse e eu nunca fui mulher para ter certeza de se é isso aí. Enfim: eu não precisava elaborar tudo isto, basta saber que ela era uma pessoa carente (e, oh, nenhum problema com isto: na verdade meio carente todos nós somos, não to chamando ela de aberração - a tese é de que o maluco sou eu) e que existia um mini clima de romance. E que eu não gostava disto porque eu me sentia cobrado... ou culpado... ah poha, to antecipando o final do texto...

Aí um dia ligo pra ela de tarde dizendo que queria ver ela. Entenda-se: trepar*. E ela responde que à noite tem uma festa, mas que eu poderia ir junto. E eu digo que não, que em festa de gente que eu nunca vi na vida eu não tava a fim de ir. Ela respondeu que então não iria à festa porque prefiria me ver. Fiquei puto da cara. Como assim ela muda a vida dela por minha causa se eu não tenho nada com ela. QUAL É O PRÓXIMO PASSO? LARGAR TUDO PRA VIVER COMIGO NUMA COMUNIDADE HIPPIE, NÃO TRABALHAR E SE ALIMENTAR DE AMOR? Eu não pensei isto não, mas devo ter me sentido como quem pensou.

No caso desta história aí foi esse meu amigo, precursor na tarefa de me dizer que o maluco sou eu, que disse algo como Clay, para de viadagem, se ela quer deixar de ir a uma festa pra ver você, o problema é dela, então sai logo com ela. E a gente saiu mesmo e ela não foi na festa. Que aposto que nem tinha gente pelada, então ela saiu no lucro. Mas a questão é que, antes disto, eu fiquei super indignado de ver alguém se desdobrar um mínimo que seja por minha causa. Me ofende imaginar que eu tenha que ter qualquer influência sobre a vida de alguém com quem eu esteja saindo. Mas, ei, não é isto o que se espera de quando duas pessoas saem? É o que eu diria para qualquer pessoa que estivesse me explicando isto aí. Em casa de ferreiro o espeto é de pau, bla bla bla.

Parece que eu sou desse jeito. Não compro a prestação: junto dinheiro e pago a vista. Porque não gosto de pensar no compromisso de pagar prestações. Quando passei do celular pré para o pós, odiei ser "fidelizado" por 1 ano, achei um abuso. Acho que ando tratando meus relacionamentos assim, como um plano de fidelização mal quisto. Com o adicional de que eu não me importo com a Claro, mas EFETIVAMENTE me importo com as meninas com quem eu saio. Até com as malucas: porque o fato de eu estar aceitando de que o maluco sou eu não faz de algumas-muitas delas menos malucas. Eu também tenho esta outra coisa, a de querer que as pessoas pensem que eu sou um cara legal, ainda que meio canalha de vez em quando.

Mas, ei, eu não namorei umas meninas aí uns anos atrás? Teve até quem dissesse que fui sim um bom namorado...


* - em minha defesa gostaria de dizer que também não é uma questão em que eu enxergo as mulheres com quem eu saio como máquinas que podem me satisfazer e que suas idéias, pensamentos e vontades são um defeito de software. Eu não saio com pessoas com quem não consigo sentir algum tipo de atração mínima e não me refiro apenas atração física. Eu tenho que me sentir minimamente à vontade, o que quer dizer que tenho que achar esta pessoa bacana e instigante em alguma coisa que seja. Resumindo: já passei da idade de sair com qualquer piranha e desejar que meu orgasmo a transforme em pizza, como diria aquela nossa conhecida piadinha entre hominhos.

Que saudade de certas coisas por estes dias. Vejam, eu até escrevi um texto enorme...

domingo, 26 de julho de 2009

Também te amo

Em essência, a tecnologia existe para tornar mais fácil a vida dos homens. Não só dos homens, como das mulheres e até de alguns cachorros, em alguns casos.

O meu primo (na verdade, filho do primeiro casamento da esposa do meu primo - mas vamos chamá-lo de "meu primo" que é muito mais fácil) disse que meu celular permite bloquear alguns conteúdos para que só algumas pessoas possam ver. Fotos, mensagens, essas coisas. Não sou exatamente um perito nas capacidades extracurriculares do meu celular. Sei que ele faz e recebe ligações, recebe e envia mensagens de texto, tira fotos, toca música etc. e já tá de bom tamanho. Estava voltando hoje de uma sessão bastante inusitada de fotos quando resolvi fuçá-lo, meu celular. E, muito por acaso, entrei na parte de modelos de mensagens SMS. Aquelas que a gente usa quando não tem tempo ou é muito preguiçoso para pensar e escrever uma mensagem completa.

"Desculpe meu atraso, estarei aí às...."
"Estou em reunião, ligue às.."
"Também te amo."

Peraí. "Também te amo"? Isso é o cúmulo da ociosidade e do anti-romantismo! Ou antirromantismo, ainda não me acostumei às novas regras de ortografia. Qualquer pessoa que tem a coragem de mandar uma mensagem dessas não só abusa dos benefícios da tecnologia, mas deve ter um caroço de abacate no lugar do coração. Puta sacanagem! É, também te amo. Fique com o troco. Dois, um sem gelo e o outro pra viagem. A gente se fala.

E nem vou falar sobre a pessoa que resolveu colocar essa mensagem lá. Essa, se teve um bicho de estimação, era um tamagochi. Que morreu de desgosto.

Tremenda frase feita, mecânica. Outra coisa em que não sou perito é em romantismo. Mas até eu sei que isso não se caracteriza como.

terça-feira, 21 de julho de 2009

A crise dos 29

A crise dos 29

Eu não penso nisto como a crise dos 30. É um pouco ridículo dizer que você está reavaliando toda a sua vida porque você atingiu uma marca de idade. E ainda adotar um decimal exato, o 30, como se o 29 fosse pior ou como se o 31 fosse resolver os problemas do mundo. Se alguém me pergunta eu não falo "é que estou com 28 anos e tendo uma sensação de que estou estagnado em certos pontos sem saber o que fazer para progredir neles". Não penso no 30, só penso que já vivi uma quantidade de anos suficientes pra largar mão de certas babaquices. Mas não da para negar que logo completarei 30 anos de idade e estou repensando na vida. Sabe como somos nós, pessoas que andam na contramão das micaretas: a gente não gosta de se render aos clichês. Eu não gosto e não me rendi, como todos aqui podem perceber. Ou mesmo como o dia dos namorados, que foi justamente numa época em que eu pensava que gostaria de estar namorando. Vejam, não tem qualquer relação com o dia dos namorados. Porque querer namorar no dia dos namorados é coisa de gente babaca. E estou afirmando que não foi isto que aconteceu, notem. Não sou este tipo de gente, eu acho

Tanto faz se é a dificuldade dos projetos de vida, dos pequenos cansaços do dia a dia, da dificuldade extrema que se instalou no quesito sustentar amizades e no crescimento exponencial da minha preguiça de conhecer pessoas e fazer concessões que ferem os meus princípios egoístas, aqueles, que eu sempre cultivei com tanto carinho. Enfim, acho que é uma agonia de proporções moderadas antes do aniversário. Pelo menos disto eu escapei: as pessoas gostam de falar de um tal de inferno astral que viria antes do aniversário, não depois.

domingo, 12 de julho de 2009

Burguer King

Quando como no Burguer King, costumo pensar que ele foi inventado pelo Larry Flint. Quer dizer, você tinha um mundo com a revista Playboy e o McDonald's. Aí veio o Larry Flint e eu penso que as coisas aconteceram exatamente como foi retratado no O Povo Contra Larry Flint: ele olhou a Playboy e disse "mas não é isto que as pessoas querem comer: elas querem carne de verdade". Depois disto alguém levou a frase dele mais ao pé da letra e criou o Burguer King, onde se come carne de mentira, mas com sabor artificial de carne de verdade.

Particularmente eu gosto do Burguer King. Não ligo para a Hustler. Nem para a Playboy, exceto por aquela curiosidade que leva a gente a querer ver do que se trata a celebridade X. Aí a gente ve que se trata de Photoshop e silicone. Carne de verdade, mas com sabor artificial de carne de mentira. Acho que era mais interessante na era pré silicone e photoshop: eles colocavam a Betty Faria, a Hortência e a Lucélia Santos. Daí você podia pensar que não era carne, era só tofu mesmo. Nunca vi peitos de silicone pessoalmente, mas vocês sabem que eu até queria.

Esqueci onde queria chegar com este texto. Não era sobre silicone e photoshop, era sobre Burguer King mesmo porque foi lá que eu comi hoje. Não no puteiro.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Qualquer Coisa

Quando comecei a brincar de blog, achava que ninguém jamais leria aquelas coisas. Então eu realmente falava qualquer coisa. Contava os foras que levava das meninas, contava sobre o quanto odiava seres humanos, contava sobre as angústias de ganhar pouco em um empreguinho fedido e uma vez por semana postava quanto o meu pau media, só para ter certeza de que ele não era mesmo como o nariz ou as orelhas que crescem com a idade. Eu tinha 22 anos, pouca estima pela minha vida e orelhas e narizes menores do que tenho hoje com quase 29 anos.

Tinha um grupo de amigos que lia estas minhas tralhas de gente que tem nariz e orelha pequenos e admiravam a minha coragem de me expor. Consideravam que eu era uma pessoa desbocada e verdadeira. Era a galera desta menina que eu conheci por causa de blog, todo mundo ali achava isso, exceto a menina propriamente. Ela dizia que eu fazia papel de ridículo e que induzia as pessoas a torcer pela minha desgraça. Ficava me desincentivando, de certa forma, a brincar de blog. Eu costumava pensar que ela só tinha inveja porque o blog dela era bom, mas os amigos dela comentavam para ela a respeito do meu, e não do dela.

Não acho que eu tinha uma qualidade superior de texto, temas ou qualquer coisa assim: mesmo mesmo acho que eles estavam mais curiosos para saber quem era essa pessoa nova escrevendo, enquanto ela era a mesma que eles já conheciam há uns anos. Ou seja, eu não acreditava que estava me fazendo de coitado, pescando vibrações pessimistas para alimentar ainda mais o meu então pessimismo ou coisa assim: só achava que ela tinha mesmo algo entre o ciúme dos amigos e a inveja. (Inveja de mim, ciúme dos amigos, neste caso era exatamente a mesma coisa). Nunca achei isto. Mas uma coisa é: naquele tempo eu não conhecia a maioria das caras e não convivia com muitas pessoas que liam isto daqui, então não tinha vergonha.

Acho que ando com isso aí, um misto de vergonha e preguiça de escrever. Mais o segundo do que o primeiro. Então nada parece mesmo um assunto, mas eu gosto desse espaço, então to escrevendo isso aqui, que eu carinhosamente estou apelidando de "qualquer coisa" a fim de tentar quebrar um pouco do gelo. Não sei se vai funcionar. Eu poderia falar sobre meus planos profissionais, poderia falar sobre a crise econômica mundial e poderia falar sobre como a minha vida adulta anda fazendo tudo parecer tão inviável. Tudo isto é um assunto. No entanto parece que eu não consigo mais elaborar as coisas.

Não sei o que acontece. Bloqueio de artista, alguma putaria do gênero, sei lá.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

A espinha era a lei

Ontem eu devia estar com muita fome mesmo, ou então tenho algum tipo de ódio reprimido por peixes. Do fundo da minha alma, devo dizer que não guardo por eles nenhum rancor por relacioná-los com o cristianismo, nem acho que eles carreguem nenhum significado obscuro.

O caso é que dei uma mordida com tanta vontade no peixe que comi ontem no almoço que ainda agora consigo sentir uma espinha presa na minha garganta.

Acho que vou dar algum nome a ela e adotá-la de vez. Esse pode ser o início de um longo relacionamento.

domingo, 28 de junho de 2009

Sobre relacionamentos

Um dos segredos de ter um relacionamento sadio - ainda que muita gente considere esta questão discutível - é não haver segredos entre os envolvidos. Sinceridade é um ponto-chave para que muitas relações dêem certo e não só as de envolvimento amoroso.

Pois bem. Mas eu, que tanto prezo a sinceridade, ontem aproveitei-me da ausência de vocês queridos leitores do meu blog. Agi pelas costas de vocês e agora não tem mais volta, não mesmo...

Comi mamão.

E não me envergonho!

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Justiça Divina

Vamos lá, deixa eu fazer um pouco de justiça. Só pra variar um pouquinho. Que eu fico sacaneando que a mulher que mora aqui perto é a crente louca, mas na verdade ela é muito legal comigo. Ela é muito legal e eu fico por aí insistindo: crente louca. Toda vez que eu a encontro, ela fica toda preocupada comigo. A cada cinco minutos ela repete coisas do tipo se você estiver incomodado com qualquer coisa, você fala, tá? E acha que tudo vai incomodar e pergunta de novo e de novo e de novo. Quando cansa, entra em outro loop: no do "fica bem".

- Dona Crente Louca, eu to usando aquela geladeira desligada como dispensa pra guardar as minhas coisas, tá?

- Ah, claro, FICA BEM.


Ela gosta mesmo de mim. Ainda que eu seja um infiel que tem um blog sobre seu sonho de comer todas as mulheres da face da Terra. E que use o mesmo para chamá-la secretamente de crente louca.

Ontem teve a tal reunião de condominio. Eu assustei um pouco porque achei que seria sexta e, de repente. abriram a porta. Era ela e sua tropa crente. Bate-papo de lá, de cá, como ta a vida, o trabalho, essas coisas. E ela pergunta:

- Quer participar da reunião?

- Não, obrigado, dona Crente Louca! Eu vou pra minha casa ler meu livro.

Pura mentira: eu subi aqui e fiquei praticando minha falta de fé. Tentando Roubar wi-fi do vizinho no Lap Top da minha irmã e tirando sarro que a crente louca é muito louca e, conseqüentemente, pavimentando minha estrada para o inferno. Pura maldade minha: ela me trata bem e não tentou me converter. Ainda. Não com convicção. Enfim: o caso é que ela me trata muito bem e eu fico de maldades com ela. Coisa de gente que sentiu prazer pisando em formiga quando criança, eu penso. E aí eu não sei por que é que eu tenho que ter o coração tão preto e peludo: deixa ela citar Deus a cada meio minuto, (acho que até enquanto dorme), se é assim que ela é feliz e acha que sua vida faz sentido. O que é que eu tenho a ver com isso?

A verdade é que ter preconceito contra evangélico é tão feio quanto ter preconceito contra negros e gays. E aí tem aquela galera que acha cool andar entre gays e entre negros, mas ninguém acha muito cool andar com evangélico. Cool é sacanear evangélico. Ninguém aguenta eles falando de Deus a cada meio minuto, eu pelo menos não aguento. Mas 90% das militâncias praticadas no mundo eu acho irritantes, então é melhor deixar tudo meio pra lá.

Os negros tem uma vantagem: o papo é o da injustiça social, mas nenhum deles tenta te tornar negro. Gays também não, em geral, mas eu tenho o meu histórico dos que quiseram muito mesmo que eu me tornasse. Fé em Deus ninguém realmente tentou que eu tivesse, até onde me lembro. Talvez porque, sempre que falam de Deus comigo, eu faço a minha já consagrada cara de "quem não sabe como algumas pessoas colocam miniaturas de navios dentro de garrafas".

quarta-feira, 24 de junho de 2009

MSN BIZARRO

Eu digo:
Eu fico muito esquisito sem óculos
Eu digo:
Tava perigando de parar de usar. Mas sou míope pra caralho
Ela diz:
EU tb... mas to vendo algum com uma armação menos séria, pq eu, com armação preta, fico a encarnação definitiva da nerdice
Eu digo:
Mas é meio cool ter cara de nerd, vc sabe, né?
Ela diz:
ah, não... quero ter cara de descolada
Eu digo:
Bom, eu já desisti de parecer descolado. Eu sei que eu não sou
Eu digo:
Além do mais, é uma pose que não cola comigo: a gente meio que se conhece por causa dos amigos da internet. Então, descolado, a gente não é
Ela diz:
HAHAHAHAHHAHAHAHAHA
Ela diz:
mas ninguém precisa saber disso. A gente pode inventar uma historia
Eu digo:
Ta bom. A gente tava na BALADA, eu MANDEI UMA IDÉIA pra você e a gente se beijou. Beleza?
Ela diz:
Não
Ela diz:
horrivel
Ela diz:
a gente estava naquele evento do Odeon... qual o nome mesmo? Passa filme a madrugada inteira...
Eu digo:
Nossa, em maratona de cinema? Isso é coisa de nerd! Ta vendo como a gente não consegue parecer descolado?
Ela diz:
Hahahahahahahahahaahahahahahahha
Ela diz:
merda
Ela diz:
Tá, então somos nerds mesmo. E o que a gente faz com isso?
Eu digo:
Compramos nossos óculos com aro preto e passamos a noite de sábado jogando RPG. O que mais?
Ela diz:
RPG jamais
Eu digo:
O pior é isso: existem vários tipos de nerd
Ela diz:
É É?
Eu digo:
Tipo: eu realmente acho que sou nerd, e também gosto de jogar RPG
Ela diz:
Isso aí é nerd demais ... nunca nem me aproximei de um rpg... eu, entre os nerds, sou descolada então
Ela diz:
Eu uso até all star de oncinha.
Eu digo:
Eu jogava RPG direto quando era moleque. Tipo já faz uns 14 anos, acho.
Eu digo:
RPG é que nem Los Hermanos
Eu digo:
RPG é legal... o problema não é o RPG ou o Los Hermanos.
Eu digo:
O problema são as pessoas que gostam destas coisas


Deixando claro que eu odeio Los Hermanos...

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Mesa de Parto!


Ainda sobre esta coisa de esportes e exercícios físicos. Que é muito engraçada quando a gente analisa friamente. Nada mais é que um bando de humanos disputando força, é claro. Não sou antropólogo e nem nada, mas acho que essa porra começou naquela época em que os humanos da idade da pedra desistiram de caçar alfaces e passaram a caçar vaquinhas, ovelhinhas, franguinhos e uns aos outros. Quem conseguia mais era o melhor macho, então pegava mais mulher. Na raiz de todos os problemas do mundo ta isso aí: pegação.

Aí outro jeito de demonstrar força são os esportes, que nada mais é que demonstrações das habilidades de caçar coisas que não são alfaces. Ainda antes disto deve ter tido o problema daquele humano que descolou um mamute morto, pegou um cipó ou merda que o valha e inventou a primeira tanga do mundo, escondendo seu pau da luz do dia. Se ele não tivesse escondido seu pau, toda a disputa seria baseada em centímetros, e não em quantidade de animais mortos ou, alguns anos mais tarde, o maior número de bolas no fundo da rede. Vejam que mesmo hoje em dia, quando pega mal um país botar pra quebrar dentro de outro por causa de petróleo, independência étnica e estas coisas, a expressão da força ainda tenta se dar pelos esportes: União Soviética contra Estados Unidos, um clássico dos anos 80. Recentemente, China contra o planeta Terra, apesar desta coisa de se sobrepor pelos esportes andar meio fora de moda na minha opnião, mas a China é mesmo um país cafona e acho que eles dominam mais coisas com suas porcariazinhas estilo R$ 1,99.

Tudo é sobre ter centímetros suficientes para praticar pegação mesmo, todo um lance de virilidade. Mas nem tudo acabou se tornando tão viril quanto deveria não e algumas coisas atestam contra a pegação. Porque você vai à academia de musculação e todo mundo ta lá super bonitão, mostrando braço grande suficiente para levantar um automóvel e as menininhas de top e calça de lycra enfiada no cu. Tudo bem que calça de lycra enfiada no cu não é mais aquela coisa que me deixa ligadão toda vez que eu vejo, eu já superei esta adolescência quando qualquer alusão que fosse a um buraco produzia uma ereção. Você leu sobre o buraco da camada de ozônio?, e, pronto, você tem uma ereção. Meus 15 anos já foram embora, já faz uns 14.

Voltando à academia de musculação: todo mundo super excitante, mas aí você começa a fazer qualquer exercícios e todo mundo faz aquela cara. De quem está fazendo mais força do que devia. O cara põe um som com batida forte para empolgar a galera, mas a galera continua com a mesma cara de quem faz mais força do que devia. Vira um tipo de rave que todo mundo tem prisão de ventre, e não da pra rolar uma pegação no meio de um surto de prisão de ventre. Depois de mostrar ao mundo como exatamente é a sua cara numa prisão de ventre, vem o instrutor e diz que você vai fazer a rosca. E eu digo adeus à virilidade. Ele explica que eu vou ter que fazer a rosca no aparelho e me mostra em que aparelho. E é alguma coisa tipo uma mesa de parto: fazendo a rosca na mesa de parto com cara de prisão de ventre na rave. E chamando isto de ser viril. Não foi assim que me ensinaram na escola. Então, o lugar onde eu queria chegar, é a afirmação de que eu ainda não entendi o sentido da academia de musculação e dos outros esportes. Ainda assim, eu continuo fazendo.

No mais, eu também não entendo uma maratona. Um monte de gente correndo para chegar num lugar onde não vai ter cerveja, mulher pelada ou distribuição aleatória de dinheiro. Entendo menos ainda aquelas corridas em pistas dentro de estádios, porque além de não ter nada na chegada, muitas vezes a chegada é no mesmo lugar que você estava. Não entendi como um salto duplo carpado pode mudar o curso da humanidade e, por fim, eu repito a pergunta que a gostosona que me esnobou no dia do meu próprio aniversário uma amiga fez certa vez: qual é o processo e a experiência de vida que leva alguém a um dia resolver: "quando crescer, quero ser uma pessoa que salta com vara"?

PS: E um abração para todos os meus amigos do SESC, vou sentir muita falta de vocês. E um abraço especial pra menina chorona, rs

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Satisfação Pessoal

Satisfação plena não combina muito com blogs em geral. Blog não funciona assim: o certo era eu achando alguma coisa ruim. Aí eu vinha aqui e falava que a vida era uma merda porque o ser humano é muito idiota. O meu tipo de afirmação preferida. Floreava com algum sarcasmo e um pouco de non-sense, vocês liam e, no fim do dia, iam para casa cozinhar dobradinha para seus recém adquiridos maridos. Só que os tempos são outros. Eu não acho mais a vida uma merda. E você já não cozinha dobradinha à noite para seu marido: hoje você deixa pão, presunto e queijo em cima da mesa da cozinha para que ele mesmo faça um misto quente e você tenha tempo de assistir novela usando bobes na cabeça. Só o ser humano que continua idiota: ainda tenho esta coisa de não ter muita fé na evolução de 95% da população.

Hoje em dia eu me preocupo com outras coisas. Tem muita coisa pra fazer, mas eu ando pouco mal humorado. To pensando na casa que eu gostaria de montar no fim do ano, que vai ter uma parede laranja na sala, piso de madeira e um chuveiro com regulagem gradual de temperatura. To pensando em fazer um outro curso para quando eu quiser entrar em outras áres, ter mais opções. Ao mesmo tempo que penso o que eu vou fazer se uma hora chegar à conclusão de que não quero mais trabalhar (Ha-Ha). To sempre tentando antecipar passos. Estou fazendo academia porque meu "colesterol está ótimo, mas a glicemia, apesar de ainda estar dentro do limite aceitável, está alto para a (minha) idade" - lembrando que mamãe e titio são diabéticos, né?

To pensando que eu gostaria de namorar, porque eu acho que preciso um pouco disto, alguém para coçar as minhas costas e reclamar das minhas frieiras, mas não tem ninguém rolando por aí. (Apesar de que namorar é depois que eu passar a pica em todo mundo e só tiver uma última na fila... as pessoas esperam que eu pelo menos finja que penso assim). Não sei se vocês entendem o que isso quer dizer, eu deixo bem explícito: pela primeira vez eu me sinto estável. O que eu sempre achei que tinha que conseguir antes de me preocupar com todas as outras coisas. E eu não sei escrever aqui sobre essas coisas.

Mas, claro, decidir o que jantar hoje a noite, também tem uma cota de participação muito significativa no rol das minhas preocupações atuais.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Meu primeiro autógrafo

Quando eu era criança, lembro que gostei de ler A Droga da Obediência. Do Pedro Bandeira. Aí lembro que tinha até continuação este livro, acho que chamava Pântano de Sangue e depois tinha um Anjo sei lá do que, acho que da Morte. Sei que eu comprei estas continuações em algum evento tipo feira do livro na escola. Eu fui, não sei porque se eu não gostava muito de ler naquela época, na verdade. E feira do livro de escola é um evento muito primitivo. Não lembra em nada a feira do automóvel. Você não tinha gostosudas nos estandes para desequilibrar sua testosterona até você querer comprar um livro. Bem, livros são muito diferentes de carros: nunca soube de um homem com complexo de pau pequeno que tentasse compensar isto exibindo sua coleção de livros. Você pode achar que alguém que tem um Jaguar não precisa de centímetros genitais, mas ninguém pensa o mesmo de alguém que tem toda a coleção da Larousse. O que eu sei é que o Pedro Bandeira estava nesta feira e eu achei que seria uma idéia incrível se ele autografasse o meu livro. Não tinha idéia de como era um livro autografado e com dedicatória, achei que ia ter algo especial, falando de como cada leitor é tão especial e que eu tinha mudado a vida dele apenas por ter comprado o livro. Uma semana depois ele me ligaria para agradecer novamente, alegando que não expressou suficientemente o quanto sua vida passou a ser outra muito melhor porque eu tinha comprado os livros. Entreguei o livro na mão dele todo orgulhoso dessa importância toda que eu tinha. Eí ele escreveu Clay, um forte abraço, Pedro Bandeira. Quer dizer, ele podia pelo menos ter se levantado e dado o abraço. Estaria feliz até sem a parte do forte. Só me restou ler o meu abraço e ir embora desse jeito. A droga da obediência. Depois disto, o único autografo que peguei na vida foi de um cantor japones em 2003 em um evento. Ele também não me deu um abraço.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Camela Mallu!

Camelo-o-Vision: descobri que através de um pirulito a barba parece mais higiênica

Bom, o Marcelo Camelo deve ter o que?, mais ou menos a minha idade, por volta de uns 30 anos. E a Mallu tem 16 anos pelo o que eu li por aí. Não tenho absolutamente nada contra nenhum dos dois como músicos, acho ambos competentes no que fazem ainda que nenhum dos dois estejam fazendo qualquer coisa que não goste. Também não vou questionar o conceito de pedofilia. Só a dinâmica do relacionamento mesmo. Porque eu penso na cena: "Ei, Mallu, vamos tomar um chopp, usar umas drogas e fazer quebrar um quarto de motel depois de uma orgia com putas, anões, cosplayers e 3 contadores?" e a mocinha responde "não da Camelo... quantas vezes eu tenho que te dizer que não? 2a feira eu tenho prova de matemática!". Não é o meu tipo de relacionamento.


Eu acho besta a implicância geral com a Mallu Magalhães, na verdade. Não vejo ninguém reclamando da música dela, só da figura pública dela. Do hype. E isso me remete àquele nível irracional e sem argumentos que as pessoas gostam de discutir assuntos, aquele que eu falava outro dia que anda me tirando do sério. Me lembra dos metaleiros da galeria do rock no fim dos anos 80 e começo dos 90 que eu achava que se extinguiria com o tempo, mas ao que tudo indica tudo continua no mesmo nível de babaquice. Ou sou eu que ando com raiva dos seres humanos mesmo. To quase tentando de novo escrever sobre o assunto.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Pixels X Nerds X Sabugo de Milho



vejam a primeira cena e pensem nesta experiência: viver na pele a sensação de ser uma toupeira que foge de um homem ameaçador armado com um... IOIÔ

Ah, no meu tempo... não querendo bancar o idoso, mas enfim, no meu tempo... video-game era essa coisa aí. Atari era o grande lance, mas eu tive um Darktari. (Não tive autorama, esta é uma das minhas duas mágoas de infância). Mas tive Odissey, que eu não joguei muito porque nunca tive mais de duas fitas (sic). O que eu joguei MESMO foi o MSX, que era um computador, na verdade. Meu pai, nerd nos anos 80, não compraria um mero vídeo-game, tinha que ser um computador. Eu tive um TK antes dele também, em que os jogos eram gravados em fitas K7. Aí o MSX e depois o meu primeiro PC, um XT com monitor CGA (tinham 4 cores, ninguém mais que eu conhecia tinha um monitor que não fosse o monocromático). E para conseguir jogos era algo tão difícil quanto conseguir discos de certas bandas: você tinha que ter contatos pra conseguir fazer cópias. Dependia de ter amigos, não de uma conexão de banda larga. Não existia facilidade nenhuma: os coreanos e chineses não tinham descoberto o mercado de eletrônicos e nem o mercado consumidor da Santa Ifigênia. Ou então o mundo que ainda não tinha atravessado o Cabo das Tormentas e descoberto a Coréia e a China, defina você o que lhe parece mais acertado dizer.

Video game era pura abstração por conta das limitações tecnológicas e até pelo desenvolvimento do mercado (não existiam grandes empresas de games, imagino que eram 3 nerds que se juntavam, davam um nome à sua empresa - ou clã de elfos, se vocês prefirirem - e faziam uns jogos). Os jogos se resumiam a controlar um quadrado enfeitado com escadas (chamados de pixels) transitando no meio de outros quadrados (o cenário) dentro de um quadrado maior (a tela). Nossos pais - ou pelo menos os da geração dos meus - costumam se gabar de terem passado uma infância sem bonecos para comprar, usando sabugos de milho para brincar no lugar dos bonecos. Já a minha geração brincou com os primeiros sabugos de milho digitais.

Uma vez eu vi uma história que eu adorei. Quando fizeram o Donkey Kong, não conseguiam achar o que fazer com o Mario (é o primeiro jogo da história em que ele aparece... sim, aquilo é o Mario) depois que ele pulava e estava caindo no chão, porque era muito difícil desenhar cabelo no vídeo game. Aí colocaram nele um chapéu: quando ele estivesse caindo, era só levantar o chapéu um pouquinho para parecer que estava caindo junto. E é por isto que, até hoje, ele luta contra gorilas e tartarugas de chapéu, e não porque ele é simplesmente um encanador italiano - ??? - garbo e estiloso.

Como toda criança normal, meu sonho hoje é comprar um PS3.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

A Crente Louca

Adoro gente que tenta parecer legal dizendo alguma coisa e acaba sendo escrota. A língua portuguesa tem uma preposição especialmente criada para isto: o "mas". Se alguém ta dizendo alguma coisa legal, bonita, poética, politicamente correta ou algum preceito de vida estabelecido pelo Paulo Coelho com um "mas" na frase, é porque a pessoa ta falando merda. Tipo a crente louca: eu chego em casa e ela está com o carro dela parada em frente à minha garagem. Está dentro do carro. E com a janela aberta conversando com fulana e filha de fulana. Como eu ainda não coloquei grade com lanças de ferro no pára-choque do meu carro, como acho que todo paulistano deveria ter, tive que estacionar e entrar a pé. Aí eu paro para cumprimentar ela e ela diz:

- Essa daqui é a fulana. Ela puxa um carrinho aqui pela vizinhança catando papelão, MAS ela é super gente boa.


Por que eu tenho atualizado pouco e, quando atualizo, são essas coisinhas sem importância? Porque eu tenho dedicado todo meu tempo livre - que nem é tanto assim - a fazer coisinhas nerds.

terça-feira, 2 de junho de 2009

O que não mata engorda?

Deixa eu explicar isto para vocês porque já faz duas semanas que estou nessas e eu fico escondendo isto de vocês. Que agora eu faço exercícios físicos. E você aí, que me conhece pessoalmente ou me le há algum tempo me pergunta: até quando vai durar esta farsa?. Não sei ao certo, mas eu decidi tentar. Se você perguntar para o médico, ele vai dizer aquilo de que a minha glicemia ainda está dentro do normal mas é alta para a minha idade. Isto por sua vez preocupa aqueles que lembram o histórico de diabete na família e ninguém aqui quer amputar uma perna como o tio teve que fazer ano passado. Aí eu fui à academia num certo dia definido como o primeiro fazer uma tal de avaliação física. O que fundamentalmente consistiu em afirmar que eu estou podre, mas ao invés de simplesmente explicar como eu mesmo sempre fiz, o avaliador físico usa como argumento um medidor de gordura e uma fita métrica. Você é podre em 40cm e 32kg do seu corpo, este tipo de afirmação científica. No final da avaliação física ele vem com uma ficha para preencher e me pergunta qual o objetivo do meu treinamento. Tinham umas opções como saúde, bem estar, condicionamento físico, etc. Respondi que era para ficar gato e pegar mulher, mas não tinha esta opção na ficha. Têm coisas que medidores de gordura e fitas métricas não sabem responder, como tudo o que segue na linha do mas de onde diabos vêm os bebês?


Não sei é se eu vou chegar naquele estágio em que a gente faz amigos na academia. Onde eu faço é na academiaperto de casa, então é diferente de uma academia normal. Eu não preciso saber falar três frases sobre creatina para iniciar uma conversa. A dificuldade é que eu não ando com aquela facilidade toda para fazer novos amigos, mas vamos deixar este assunto para algum momento mais crise existencial.

sábado, 30 de maio de 2009

Cheetos X Notebook X Grávida?

To super afim de comprar um notebook. Vejam que eu ainda não consegui decidir qual. E como estou trabalhando e nem estou saindo com ninguém, não tenho outra coisa para me distrair. Passo horas e mais horas pesquisando características e preços na internet, fazendo contas. Aí eu fui ao Carrefour, queria ver se tinha notebook lá. Tem notebook sim: por que é que um lugar onde vende cebola, carne moída e milho enlatado não teria notebook? Mas eu não fiquei feliz com nenhum, queria voltar pra casa, mas não sem antes pegar um pacote de Cheetos. E cadê o pacote de Cheetos, hein? Não tinha o tradicional 66g, só tinham os de 70 quilos e de 10 toneladas. Será que as pessoas perderam o bom senso em matéria de Cheetos? Então saí andando por todo o mercado atrás do tradicional 66g, mas não tinha mesmo. Tinha só uma moça com a barriga de fora. Barriga gostosa. Eu levaria a barriga gostosa dela no lugar do Cheetos. Quis fazer isto antes que ela engravidasse: por qualquer motivo pensei na hora que ela podia engravidar e botar tudo a perder. Barriga de grávida não é bem uma coisa que me causa admiração, muita gente me condena por isto, mas não devia. Porque o público alvo da barriga de grávida é o bebê, não eu. Ele é quem tem que achar grande, espaçosa, etc, eu não tenho planos de morar dentro de uma barriga, não me interessa. Bem, uma vez eu quase aluguei o quarto da crente louca, então vocês podem ver que barriga de grávida realmente não está no meu universo de opções. Peguei um Fandangos, nenhum notebook e fui embora pra casa. Melhor assim.

terça-feira, 26 de maio de 2009

“Para o alto e avante!”




Eu tava andando na rua e vi isso aí grudado na porta de uma casa. Fui obrigado a tirar uma foto. Ninguém ia acreditar se eu não tirasse. Considerando que foi nas imediações do aeroporto, eu penso na possibilidade do dono da casa querer alugar o tal quarto para um aeronauta. Ou, então, ele quer que seu hóspede seja, específicamente, o ilustríssimo senhor Marcos Pontes (
1º Astronauta Brasileiro).

Acho que é porque a suíte superior fica mais próxima de Saturno, não sei...

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Falta de Inspiração

(O pior de ter um blog em crise de falta de assunto - que é mais um certo saco cheio do que propriamente uma falta de assunto - é que aquela inspiração para escrever algo bacana - e algo bacana não é algo necessariamente legal, é alguma coisa que eu vou gostar de ter escrito - vem cada vez menos. Essa inspiração é mais ou menos assim: você começa a pensar sobre qualquer coisa e, quando ve, tem algo planejado para dizer sobre aqui. Começo, meio, fim e pelo menos uma pequena menção sobre mulher pelada. Mas isto acontece sempre numas horas meio nada a ver e meio sem querer. Era muito comum eu escrever posts mentalmente enquanto dirigia. Na época que eu dirigia pelo menos 2 horas por dia. Hoje em dia eu nem dirijo mais, então não tenho mais este tempo para pensar bobagem. Aí como hoje de manhã: vejam, eu fiquei acordado até 01:00 da manhã. Acordei às 7:30 sabe se lá como e fui tomar café. Voltei para dormir mais e, antes de pegar no sono, pensei num post inteirinho. E aí eu penso "se eu não anotar agora, vou esquecer". Mas penso "pera lá, isso é só um blog e meu sono é mais importante." E é mesmo... mas agora, que eu acordei de vez, cadê o post? Então você aí pode fingir que leu algo legalzinho aqui, mesmo não tendo sido o caso. Só pra me deixar feliz).


(Tenho certeza de que outras pessoas que gostam de escrever passam por isto. Até o Paulo Coelho.)

sexta-feira, 15 de maio de 2009

"Paisis, filhis, espiritis santis", disse o Padre Mussum

Foi ontem mesmo que falei com um amigo (que não tem mais link pra eu colocar aqui) sobre como ônibus são meros meios de transporte pra mim. Não só ônibus, como trens, o metrô etc. Disse isso porque tenho dois amigos que iniciaram namoros com meninas que conheceram nos transportes públicos diários. Um, num metrô lotado e outro, dentro de um ônibus. Comigo nunca acontece isso, mas enfim.

Quando saio de casa para o trabalho, meu objetivo é claro: sair de casa para o trabalho. Ir de um ponto a outro, preferencialmente sem me atrasar. E é isso, acabou. Sempre levo alguma coisa pra ler, só pra tornar o trajeto menos entediante. E não digo isso porque fique de mau humor de manhã ou coisa do gênero. É só porque, na minha cabeça, o nome "transporte" tem tudo a ver: locomoção.

Sabendo disso, agora imaginem esta cena: quinta-feira passada, estava indo da minha casa até o trabalho no ônibus de sempre, lendo minha habitual revista-de-trajeto, quando sou abordado. Segue o diálogo.

- Com licença, posso te interromper?
- Ahn.
- Eu percebi que você tem um problema de visão.
- Ahn-ran.
- Sabia que essa revista te faz mal?
- Ahn?
- Essa revista é negra, ela faz mal pra sua vida. Mas Jesus pode te curar!
- Ai...
- Venha pra junto do Senhor e você vai sarar.
- Escuta, você acabou de falar que a revista é negra. Isso, pra mim, é um preconceito muito grande.
- Ela te faz mal, mas você pode ser uma pessoa melhor. Você não quer melhorar?
- Olha, você falou com o ateu errado.

Quando falei isso, o cara se assustou um pouco - como sempre acontece, diga-se de passagem - e levantou porque o ponto dele tinha chegado. Falou mais um negócio sobre Jesus ser grande, mas aí já não tinha jeito. Já tinha me irritado e não gosto quando isso acontece. Respondi "e o meu é enorme", mas me arrependi logo em seguida. Em qualquer outra situação, respeitaria a ferro e fogo a religião daquele cara, mas odeio ser desrespeitado. Aliás, o que menos gosto nas religiões é que todas se dizem certas. As mais certas, melhor dizendo. O que é engraçado e triste ao mesmo tempo, pois uma constante a todas as religiões/crenças/doutrinas é o respeito às pessoas. Nestes casos, parece que incluíram uma condição de que só os adeptos daquela religião/crença/doutrina merecem ser respeitados. Assim sendo, os outros estarão errados.

Pessoalmente, odeio o conceito de "certo X errado" de uma religião sobre outra. Mesmo eu não digo que estou mais certo do que o resto do mundo, apenas adotei o que achei melhor para mim. Como fazem todas as pessoas que seguem uma religião/doutrina/crença. Quero dizer, as que seguem os ensinamentos de verdade, não as que adaptam uns e outros como melhor lhes convém.

Enfim, sei que o cara que me abordou no ônibus não era porta-voz de toda uma comunidade religiosa, portanto não quero que pensem que estou condenando os evangélicos pelo que ele fez. Agiu mal, mas foi uma só pessoa. Pessoalmente, estou sempre aberto ao diálogo. Desde que em pé de igualdade.

Agora vou ali, ficar ansioso. Mas volto quando isso passar.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Estados e Capitais

Tá que eu também não posso falar muito não porque o nordeste para mim sempre foi um mistério. E alguém vai poder falar de mim como a gente fala de quem acha que a capital do Brasil é Buenos Aires. Mas eu não consigo mesmo distinguir os estados do nordeste. Eu simplesmente não uso o nordeste. É como a fórmula de báscara: a gente sabe, ela é óbvia por muitos anos da nossa vida e não é difícil de entender. Mas quem lembra a fórmula de báscara com 28 anos é um anormal. Ou professor de matemática. (Nem venham com querer deixar um comentário com a fórmula de báscara dizendo "eu sei, tá?", porque com Google a gente sabe tudo nesta vida). Aí eu olho para o mapa do Brasil, foco no nordeste e vejo aquele monte de Estados pequenos amontoados, uns em cima dos outros, meio querendo ser um só, e não consigo saber qual está em baixo, qual está em cima e qual está do lado. Para mim é tão fácil quanto abrir uma panela de dobradinha e procurar uma lógica naquilo. Alguém deve achar a lógica, mas certamente que não fui eu. Quando precisa associar com as capitais então, aí vish, porque eu confundo tudo mesmo. Às vezes troco nome de capital por nome de Estado e vice-e-versa. Tento compensar esse tipo de coisa quando viajo pensando "estou indo para Fortaleza, que é a capital do Ceará", deste jeito bem didático. Bem retardado. Para ver se eu aprendo. Mas se você der um mapa para mim, não vou saber apontar Ceará ou Fortaleza. Então o assunto "Estados e capitais do Nordeste pode formar a trilogia das coisas que quando me explicam eu entendo, mas eu deixo de entender cinco minutos depois. Os outros dois vértices da trilogia são a questão da palestina e as regras do truco. Eu simplesmente não assimilo estas informações.

Mas enfim: pensei tudo isto porque estes dias fui conversar com uma amiga que ia para Cuiabá e ela me pergunta se Cuiabá é quente. Respondi que nunca tinha ido, mas que não tinha como não ser um lugar quente. Mas onde é Cuiabá? e é no Mato Grosso. Mas ONDE É O MATO GROSSO? Talvez no meio das pernas da Claudia Ohana, mas preferi responder que era como ir pra Brasília, só que mais pro lado. Uma definição bem escrota da minha parte, mas não achei outra maneira de explicar. E veja, não estamos falando dos Estados do nordeste, amontoadinhos e amarradinhos com um rio São Francisco. Estamos falando de um Estado realmente gigante, são menos divisas e menos capitais para decorar. Algo que nos salvou na 5a série (assim como a fórmula de báscara).

Eu nunca confundi a Bahia. Bahia é fácil porque é grande, que nem Mato Grosso. Piauí também não porque eu penso sempre que Piauí é o Estado que parece um estômago visto de costas. Roraima e Rondônia são difíceis porque é muito Estado que começa com R perto um do outro, mas eu sei as capitais deles pelo menos. Eu tenho todo o direito de não saber onde fica o Tocantins porque, na minha 5a série, Tocantins não existia, mas mesmo assim eu sei quem é Tocantins na noite. E o Acre é o mais fácil: ele fica no Rio de Janeiro, é um cenário dentro do Projac.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Mamãe enquanto dermatologista.

Das afrontas à minha masculinidade. Aproveitei três dias de folga para descansar junto a mamãe, a vida na roça, o mato, os cachorros, os macacos e a vontade de compor alguma música que chame Rock Rural. Antes de sair para o trabalho, mamãe, aquela que é cheia de suas gracinhas, né?, me chama de canto e diz: "Clay, já que você vai ficar em casa hoje, você devia cuidar da sua pele". (Fora de casa não precisa). Enfim: ela fica preocupada com a minha pele (que?) por conta das muitas viagens: diferentes condições de temperatura e pressão que estragam nossas carinhas bonitas, levemente rosadas e, por esta última condição, sem toda a dignidade que mereço depois de tantos anos prestando serviços (que?) ao mundo.

Ela me mostra dois frasquinhos. O primeiro ela explica: "isso aqui ajuda a limpar a sua pele. é bom porque tem grãozinhos de areia". E eu não sei por que é que graozinhos de areia me deixariam de cara limpa. Pensei então que mamãe quisesse que eu fosse à praia, Santos, Guarujá, qualquer coisa a uma hora daqui, e esfregasse muito mesmo a minha cara na areia. Com todo a merda e mijo dos cachorros leprosos e desgraçados da agonia da vida urbana no litoral. Depois, orgulhoso do visual à milanesa eu poderia levantar e dizer com orgulho "de cara limpa!".

O segundo frasco ela pega, mostra, fala isso, aquilo e eu não assimilo absolutamente nada porque porque já estou rindo internamente. "Do que você ta rindo?". Eu? De nada! Mamãe, você tem sempre razão quando a gente sai de casa e você usa isto para ocasionalmente bancar a velha jogada no asilo e eu efetivamente me sinto assim naquela típica relação de culpa implicita entre filhos e suas mães. Aí ela resolve sintetizar os dois frascos de orientação com a típica poesia materna:

"Sabe, filho, a pele da gente é como uma flor: se a gente adubar e cuidar direitinho, ela cresce bonita*"

Minhas suspeitas estão confirmadas: mamãe quer mesmo que eu esfregue minha cara em areia e merda.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Santo de Casa Não Faz Milagres

Ainda questionando a fé alheia... foi ontem, anteontem, não lembro, que passou uma matéria no Globo Esporte mostrando um goleiro aí que eu não lembro qual ou de onde, não importa, e toda vez que ele defendia um gol ou a zaga tirava a bola, ele fazia o sinal da cruz. O pai, o filho e o espírito santo, aquela galera sagrada. Mas aí eu pergunto: e se o outro goleiro fizer o sinal da cruz também? Aí Deus tem que dar zero a zero. Só que e se o atacante também evocar os poderes da galera sagrada? Aí fodeu mesmo porque não da pra atender todo mundo, as pessoas pedem coisas conflitantes e querem que Deus de um jeito nisso e aí ele não pode fazer nada. Então acho que se eu fosse Deus, eu faria uma coisa mais tipo um concurso. "A primeira pessoa que ligar e disser os 10 mandamentos ganha a vitória do seu time" ou "a melhor frase sobre o dilúvio marca na rede", alguma coisa assim.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Sabor Apimentado

Eu uso o Colgate Plax. Odeio Listerine. Listerine deixa a boca da gente ardendo, o que é puro marketing. Como a sensação de refrescância das pastas de dente: fazem a gente achar que a boca está limpa só porque ela está fresca, mas isso não é uma verdade porque chorume na geladeira continua sendo chorume. O Listerine faz isso: deixa a boca da gente ardendo muito, muito mesmo. Pra dar para a gente a impressão de que os germes estão morrendo. Mas isso é a coisa mais estúpida da gente pensar: se é a sua boca que está doendo, então é a sua boca que está morrendo. Não o germe.


Também não sei se a morte dos germes começa pela dor de suas bocas. Nunca conversei com um germe em seu leito de morte.

terça-feira, 14 de abril de 2009

.:Estatísticas:.

Vamos combinar o seguinte então: a partir de agora eu não converso mais com as pessoas sobre assuntos polêmicos. Falo se elas se comprometerem a serem amordaçadas. As pessoas se irritam, tudo vira pessoal, é um saco. Não falo mais de futebol, que eu já falava pouco antes. Não falo mais sobre política, religião, visão política, ideologia, certo e errado. Não falo mais de Big Brother, nem ano que vem eu falo mais disso. Não falo mais sobre banda ruim. De repente eu até paro de falar sobre meninas de biquini, acho que até isso deixou de ser uma unanimidade nesse mundo. A partir de agora, eu só falo sobre coisas exatas. Meu assunto prefirido agora são os números. Você me chama para tomar cerveja e eu vou falar sobre raiz quadrada. Não vou discutir nem qual a cerveja que se deve tomar para falar sobre raiz quadrada. O que se sabe de novo sobre os números ímpares? Descobriram algum novo? Não se sabe nada, não é uma discussão. Tudo o que a gente conversa que não são números podem abalar relações interpessoais.

(E nem tenta me enganar querendo falar sobre estatística: estatística não é número, é dado coletado. 106,83% da população mundial aprecia meninas de biquini. Eu acredito numa pesquisa dessas porque acredito que algumas pessoas fazem mitose, meiose, sei lá, para virarem duas ou três porque, tudo o que elas gostam de meninas de biquini, não cabe em uma pessoa só. Mas você aí é capaz de falar que não acredita num número tipo 106,83% numa pesquisa. A minha resposta vai ser bem, 106,83% é um número que existe, vem logo depois do 106,82%).