quinta-feira, 9 de julho de 2009

Qualquer Coisa

Quando comecei a brincar de blog, achava que ninguém jamais leria aquelas coisas. Então eu realmente falava qualquer coisa. Contava os foras que levava das meninas, contava sobre o quanto odiava seres humanos, contava sobre as angústias de ganhar pouco em um empreguinho fedido e uma vez por semana postava quanto o meu pau media, só para ter certeza de que ele não era mesmo como o nariz ou as orelhas que crescem com a idade. Eu tinha 22 anos, pouca estima pela minha vida e orelhas e narizes menores do que tenho hoje com quase 29 anos.

Tinha um grupo de amigos que lia estas minhas tralhas de gente que tem nariz e orelha pequenos e admiravam a minha coragem de me expor. Consideravam que eu era uma pessoa desbocada e verdadeira. Era a galera desta menina que eu conheci por causa de blog, todo mundo ali achava isso, exceto a menina propriamente. Ela dizia que eu fazia papel de ridículo e que induzia as pessoas a torcer pela minha desgraça. Ficava me desincentivando, de certa forma, a brincar de blog. Eu costumava pensar que ela só tinha inveja porque o blog dela era bom, mas os amigos dela comentavam para ela a respeito do meu, e não do dela.

Não acho que eu tinha uma qualidade superior de texto, temas ou qualquer coisa assim: mesmo mesmo acho que eles estavam mais curiosos para saber quem era essa pessoa nova escrevendo, enquanto ela era a mesma que eles já conheciam há uns anos. Ou seja, eu não acreditava que estava me fazendo de coitado, pescando vibrações pessimistas para alimentar ainda mais o meu então pessimismo ou coisa assim: só achava que ela tinha mesmo algo entre o ciúme dos amigos e a inveja. (Inveja de mim, ciúme dos amigos, neste caso era exatamente a mesma coisa). Nunca achei isto. Mas uma coisa é: naquele tempo eu não conhecia a maioria das caras e não convivia com muitas pessoas que liam isto daqui, então não tinha vergonha.

Acho que ando com isso aí, um misto de vergonha e preguiça de escrever. Mais o segundo do que o primeiro. Então nada parece mesmo um assunto, mas eu gosto desse espaço, então to escrevendo isso aqui, que eu carinhosamente estou apelidando de "qualquer coisa" a fim de tentar quebrar um pouco do gelo. Não sei se vai funcionar. Eu poderia falar sobre meus planos profissionais, poderia falar sobre a crise econômica mundial e poderia falar sobre como a minha vida adulta anda fazendo tudo parecer tão inviável. Tudo isto é um assunto. No entanto parece que eu não consigo mais elaborar as coisas.

Não sei o que acontece. Bloqueio de artista, alguma putaria do gênero, sei lá.

9 comentários:

Patricia Scarpin disse...

planos profissionais? Novos?

Clayton Ferreira disse...

não são novos, você já sabe disso! =)

Bia disse...

Clay, já estava com saudade dos seus posts! Entrava td dia e me deparava com pedro bandeira e me dava vontade de reler a droga da obediencia

Será esse seu bloqueio associado a crise (?) dos 30?

Clayton Ferreira disse...

Nossa, tanta crise acontecendo no mundo e me dão a tarefa de cuidar justo da dos 30?

Thatiana disse...

Q bom q vc escreveu algo. Amo seus textos, me identifico mto. Pára não! Bjo

Clayton Ferreira disse...

Você deve ser uma menina agradável, bonita, de boas idéias, moral dentro das conformidades do bom costume, deve ter bom gosto e querer o bem de seus semelhantes. Não existe possibilidade de você se identificar com meus textos.

Ashen Lady disse...

Clay, qdo li sua resposta me veio mafalda na cabeça

E apóio a Thatiana. Já indiquei seu blog para amigos como um dos meus preferidos. Pena q vc n posta tanto

Lu disse...

cara, seus textos são sempre uma delícia de ler.
"qualquer coisa" continuou no padrão de sempre que não tem erro!

Anônimo disse...

Coitada da Tathy! rs - o problema com os seus textos é que eu não gosto de você, algo muito pessoal. Mas tudo bem, fiz um post pra você no meu blog, por favor, não apareça por lá!