segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Homem Primata, Capitalismo Selvagem

Quer dizer, eu estou ali, tomando minha cerveja com esta figura que pode-se dizer que trabalhava comigo, à noite naquele bar que eu gosto mais de dia, aquele, o da melhor coxinha do universo. E ela começa a tagalerar e choramingar sobre pessoas que tem oportunidades INCRÍVEIS no trabalho porque são puxa sacos dos patrões. E eu sinto a cerveja sair do sabor amargo e delicioso, passar pelo pelo carismático mas não ideal sabor azedo e chegar ao tenebroso sabor calcinha cor de pele. Porque choramingar sobre puxa sacos é algo tão 2006.

E não da para entender porque é que alguém efetivamente reclama das tais oportunidades. Não são oportunidades incríveis de verdade. Não existe pulo no plano de carreira e não existe aumento salarial em jogo. Apenas prestígio. Lá, prestígio te ajuda a não ser mandado pra rua quando rola facão, ou te ajuda a arrumar um cargo burocrático. Mas quem quer um cargo burocrático é porque já tem um dispositivo puxador de saco escondido dentro de si. Em algum lugar entre o intestino grosso e a uretra, provavelmente.

- Sabe, não é justo que a fulana seja convidada para fazer apresentações especiais no Faustão enquanto a gente fica fazendo acrobacia com pinos flamejantes na esquina da Rebouças com a Brasil e disputando trocados com os alejados. NÃO-É-JUS-TO-!

(Já tinha contado para vocês que eu sonho em ser circense, certo? mentira, mas a piada ficou legal, fala verdade.)

- Bem, sabe, o mundo não é mesmo justo, tentei explicar.

Ela disse qualquer coisa que queria dizer que ela se recusava a acreditar que o mundo podia ser assim. E eu continuei na dúvida, sobre quem estava sendo niilista e quem estava sendo ingênuo. Depois de alguns milhões após uma hecatombe nuclear, algum ET arqueólogo talvez estude isto e decida, eu mesmo não vou gastar minha vida pensando nisso. Quem está sendo idealista, no entanto, eu acho que sei.

Quando eu trabalhava na seguradora, isto era um problema. Eu chorava, eu me descabelava, eu enfiava a cabeça na privada pra ver se encontrava um mundo belo e florido do outro lado. Aí eu apurava resultados de campanhas de vendas e os resultados diziam que a campanha era um fracasso. "Chefe, sua campanha, é um FRACASSO". Não sei o que eu esperava com isso, talvez que ele fechasse o departamento por descobrirmos que ele não presta pra nada e eu ser mandado embora por não ter mais um departamento para eu trabalhar (O que de fato aconteceu anos mais tarde). Ou talvez fechar a fábrica toda por causa disso, até a matriz. E ele respondia: "veja por este lado, veja por este outro, aí olhe este terceiro lado porque é uma campanha de três lados, o terceiro ta escondidinho aqui... faça um novo relatório e um novo Power Point com estes lados porque a nossa campanha é um SUCESSO".

O que mais me emputecia não era ele maquiar os dados para ter algo dito bonito e usar esta coisa dita bonita para puxar o saco do pessoal grande. O que me deixava realmente fodido era que ele agia como quem acreditava nos números que ele mesmo maquiou. Se ele fechasse a porta e sussurrasse que era para a gente mentir e que eu não podia contar isto para ninguém, talvez eu não ficasse tão puto.

Mas, bem, uma das grandes lições da seguradora foi essa mesmo: a de aceitar o sistema. Não achar ruim fazer algo que você não acredite plenamente porque a maioria das pessoas não vai acreditar nas mesmas coisas que você. Então você chega num acordo. Ninguém ganha a vida trabalhando por ideologia. E eu não sou hippie o bastante pra preferir ser pobre e fodido só porque carregar uma bandeira vermelha parece mais importante. Pra mim ela não é tão importante assim e eu juro que não estou falando isso com mágoa.

Sem mágoa porque alguém me explicou uma vez que isso é capitalismo, não pela relação trabalho em troca de dinheiro, existia uma explicação que realmente fazia sentido, só que eu não lembro. Esta parte vocês vão ter que acreditar quando eu digo porque não lembro mais o raciocínio. Só queria chegar à conclusão de que, de um jeito ou de outro, resolvi aceitar o sistema porque o capitalismo é mesmo sedutor. Eu gosto de e quero Coca-Cola, Nike, Nintendo, etc. Não se trata de desilusão, trata-se de vender a alma ao diabo porque ele tem umas coisas bacanas pra oferecer mesmo.

Bom na verdade nem era sobre capitalismo que eu queria escrever, era o quanto fiquei chateado essa semana por não ter sido escolhido em uma seleção que eu queria muito, mas acho que isso vai ter que ficar para outro post.

sábado, 22 de agosto de 2009

Notebook - Parte 2

Ainda estou querendo comprar um notebook, não deu muito certo o outro que eu tinha encomendado (mas eu explico isso em outro post). É o que escolhi para me dar de presente para meu aniversário que ta chegando aí. Quero comprar um notebook potente, super potente, capaz de realizar um zilhão de cálculos por segundo, que poderia fazer um míssil acertar com precisão um fio de cabelo no outro hemisfério do mundo. Preciso disto para ler blogs, falar no MSN e ver filmes eróticos, em essência. Então eu dei uma volta na Santa Ifigênia, a Coréia brasileira. Só para sondar. Depois entrei no Mercado Livre, que é como a Coréia seria se fosse um site. Tem um monte de caras trazendo notebook para o Brasil, mas a gente fica com medo de comprar deles porque parece que vai vir em uma caixa suja de sangue. Mandam a caixa com um notebook pra cá e a gente devolve a mesma caixa para os EUA com algum morador de Governador Valadares, um tipo de troca justa. Ainda não achei o meu note, tenho medo de loja de internet, fico achando que vou cair em golpe. Eu compro o note e de dentro dele sai um anão que vai bater em mim e roubar meu dinheiro e minhas cuecas. Então to aqui rachando a cabeça para descobrir se este ou aquele lugar são ou não confiáveis para comprar o note. Ligo pra lá e pergunto "quanto está o Acer de tal modelo? E o Toshiba? Tem anões trabalhando aí?"

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O Alligator

Olha, eu tenho vergonha de vir aqui admitir isto publicamente. Mas acho importante tratar do assunto para que caia o tabu. Digo isto porque, depois que admiti que passei pelo problema, mais pessoas admitiram o mesmo para mim. Talvez se todos tivessem a postura de explicitar publicamente o fato, haveria menos preconceito e poderíamos tratar isto como uma questão normal. Bom, sem rodeios: estes dias, meu celular caiu na privada. Eu tinha acabado de consertá-lo, um dia antes mesmo, e aí, tchibum. Você aí pode estar rindo de mim e me olhando com aquele pensamento de que eu sou um imbecil, que não colaboro para o desenvolvimento da humanidade e pensando que sou o tipo de ser que deveria estar no fim da cadeia alimentar. Para você eu digo que já pensaram assim dos gays. Hoje em dia eles são considerados um nicho de consumidores importantíssimos economicamente e têm até a própria parada do orgulho. Talvez algum dia as pessoas se unam para fazer uma parada só de gente que deixou o celular cair na privada. Assim, com orgulho, né?

Como aconteceu eu não sei direito dizer: levantei do troninho ainda com as calças arriadas e aí que ele fez o seu duplo carpado. Também não vou dar detalhes sobre o resgate. Só digo que se aparecerem escamas na minha mão daqui uma semana, conto aqui no blog.

O fato de eu ter acabado de tirar ele do conserto só aumenta a raiva. Estava com aquele visor da frente todo rachado. Ele bem podia ter deixado para fazer isto ainda quebrado, mas esperou até o dia seguinte. Talvez uma coisa no estilo quando estiver com meu maiozinho novo, eu pulo na piscina. Fiquei tão puto da cara que a minha vontade era de dar a descarga, só que na hora eu só conseguia pensar naquele filme da nossa infância, o Alligator. Que pra quem não conhece, era a história de uma família nova iorquina que ganhava um filhotinho de jacaré de presente e, quando enjoaram dele, jogaram o bichinho na privada e deram a descarga. Aí o jacarezinho passa a infância e adolescência dele comendo cocô dos humanos - eventualmente algum celular que caiu na privada também - até que ele se tornou muito muito grande, muito muito forte e resolveu sair do esgoto e passear pela cidade porque estava muito muito puto. Aí ele saia por aí tocando o terror e comendo seres humanos. Que tinham mais valor nutritivo que só os seus cocôs. Uma história muito coerente: se minha mãe tivesse me jogado na privada e dado a descarga, eu também acharia que sou o tipo de pessoa que deveria se alimentar de seres humanos.

Mas enfim: o ponto todo disso aí é que eu não quis dar a descarga no meu celular pensando no Alligator. Sei lá se meu celular não ia ficar muito grande e tocar o terror por aí. O japonês que inventou as histórias com robôs gigantes provavelmente foi um cara que deu a descarga no celular dele e pensou nisso tudo aí, mas com o final feliz, já que os robôs gigantes protegem a gente (de caras como o Alligator). Se bem que quando os robôs gigantes foram inventados, os telefones celulares ainda não existiam, então ele deve ter dado a descarga em alguma outra coisa que fosse tecnologia de ponta no seu tempo. Tipo, sei lá: um daqueles chaveiros que tinham um monte de botões: quando você apertava o primeiro, fazia um barulho de metralhadora, o segundo, o barulho de uma bomba caindo, etc.


O pior mesmo é que com a morte do celular, eu perco todos os números de telefone dos meus amigos. Porque é claro que eu não tenho tudo anotado em outro lugar. Como uma pessoa normal: eu deixo meu celular cair na privada, mas eu sou uma pessoa normal.

domingo, 16 de agosto de 2009

Twittando 001

Vamos aprender agora como fazer uma receita de mousse de maracujá para impressionar a sua mãe, namorada ou Avó.

Junte no liquidificador o conteúdo de uma lata de leite condensado, uma lata de creme de leite sem sono e suco concentrado de maracujá a gosto. Bata até obter uma mistura homogênea. Separe um maracujá bem escolhido no supermercado para utilizar os caroços como decoração e para dar um tchans a mais. Ferva em uma panela à parte o conteúdo de uma embalagem de gelatina incolor. Isso, a gelatina incolor que você deveria ter trazido do mercado.

Ah, esqueceu dentro da cesta de compras?

Pois é, eu também.

Mande uma mensagem SMS para sua irmã, que trará a gelatina sem sabor e fará ela mesma o mousse. Agora é só comer.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Lá e de Volta Outra Vez

Acho que o que eu podia fazer era refazer esse layout. Dar uma outra cara. Pra ver se eu me empolgo mais com esse negócio aqui. Na verdade eu preciso de um blog temático sobre a crise dos 30. Que não necessáriamente veio com 30 anos, já expliquei isso pra vocês. Mas agora eu to com quase 29 então vocês vão me dar moral para reclamar de chegar aos 30 cheio de bobagens na cabeça. Quando eu tinha 27, as bobagens eram as mesmas, mas eu preciso da idade, vocês sabem. Bom, não vem ao caso, não faz muito tempo que eu falei de crise dos 30 aqui e vocês vão achar que estou sendo repetitivo: o ponto é que eu cansei desse POWER HOUR gigante aí em cima e eu queria mesmo me motivar a voltar a escrever. Vou parar de falar de falar de meninas de biquini também, porque isso a gente fala quando a gente tem 15 anos. Quando a gente ta chegando aos 30, conclui que ta fazendo papel de bobo ao falar tanto sobre sua paixão por meninas de biquini (mas ninguém pode me repreender por continuar pensando muito no assunto, eu tenho o direito de continuar tendo 15 anos de idade mental).

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Um Maluco no Pedaço

Vamos lá, a tese de hoje é a de que o maluco sou eu. Porque, não importa muito como isto aconteceu, mas alguém finalmente conseguiu me fazer enxergar a perspectiva do avesso. Olha que esse meu amigo já me contou isto umas 500 vezes. E eu já concordei com ele. Mas, vocês sabem, que a gente tem o hábito de enxergar os próprios defeitos mas não de se incomodar de verdade com eles. "Oh, você tem razão, sou um escroto, preciso melhorar, mas vamos fazer isto depois que eu tiver entendido coisas realmente importantes como as causas da obcessão de adultos pelos brinquedos que vêm no McLanche Feliz". A gente efetivamente percebe, mas não sofre as coisas. Um dia acontece alguma coisa ou a gente simplesmente acorda idiota e passa a pensar pra valer nestas coisas. Geralmente é a hora que a gente pensa que fazer terapia seria legal.

Vou dar um exemplo NÃO recente, mas que ilustra bem. Eu estava traçando saindo com a fulana. Era uma coisa bem casual a princípio. Ela era um tanto carente e eu percebia isto. E não gostava. O problema não era propriamente com a carência em si, mas em eu ser o cara que tinha que resolver isto. E toda aquela densidade psicologica que tinha que ser convertida em mensagens de SMS, MSN, Orkut, por terra, por ar, pelo mar. Uma amiga minha diz que o problema é que as mulheres assistem Sex & The City e acham que tem a capacidade de fazer sexo casual quando só conseguem pensar na perspectiva de ter alguém para xingar por esquecer a tampa da privada levantada. Então tem que ter algum clima de romance. Não pode ser uma amizade com foda: é um clima leve de romance. Não sou eu quem to dizendo isto, ok? Foi outra mulher que disse e eu nunca fui mulher para ter certeza de se é isso aí. Enfim: eu não precisava elaborar tudo isto, basta saber que ela era uma pessoa carente (e, oh, nenhum problema com isto: na verdade meio carente todos nós somos, não to chamando ela de aberração - a tese é de que o maluco sou eu) e que existia um mini clima de romance. E que eu não gostava disto porque eu me sentia cobrado... ou culpado... ah poha, to antecipando o final do texto...

Aí um dia ligo pra ela de tarde dizendo que queria ver ela. Entenda-se: trepar*. E ela responde que à noite tem uma festa, mas que eu poderia ir junto. E eu digo que não, que em festa de gente que eu nunca vi na vida eu não tava a fim de ir. Ela respondeu que então não iria à festa porque prefiria me ver. Fiquei puto da cara. Como assim ela muda a vida dela por minha causa se eu não tenho nada com ela. QUAL É O PRÓXIMO PASSO? LARGAR TUDO PRA VIVER COMIGO NUMA COMUNIDADE HIPPIE, NÃO TRABALHAR E SE ALIMENTAR DE AMOR? Eu não pensei isto não, mas devo ter me sentido como quem pensou.

No caso desta história aí foi esse meu amigo, precursor na tarefa de me dizer que o maluco sou eu, que disse algo como Clay, para de viadagem, se ela quer deixar de ir a uma festa pra ver você, o problema é dela, então sai logo com ela. E a gente saiu mesmo e ela não foi na festa. Que aposto que nem tinha gente pelada, então ela saiu no lucro. Mas a questão é que, antes disto, eu fiquei super indignado de ver alguém se desdobrar um mínimo que seja por minha causa. Me ofende imaginar que eu tenha que ter qualquer influência sobre a vida de alguém com quem eu esteja saindo. Mas, ei, não é isto o que se espera de quando duas pessoas saem? É o que eu diria para qualquer pessoa que estivesse me explicando isto aí. Em casa de ferreiro o espeto é de pau, bla bla bla.

Parece que eu sou desse jeito. Não compro a prestação: junto dinheiro e pago a vista. Porque não gosto de pensar no compromisso de pagar prestações. Quando passei do celular pré para o pós, odiei ser "fidelizado" por 1 ano, achei um abuso. Acho que ando tratando meus relacionamentos assim, como um plano de fidelização mal quisto. Com o adicional de que eu não me importo com a Claro, mas EFETIVAMENTE me importo com as meninas com quem eu saio. Até com as malucas: porque o fato de eu estar aceitando de que o maluco sou eu não faz de algumas-muitas delas menos malucas. Eu também tenho esta outra coisa, a de querer que as pessoas pensem que eu sou um cara legal, ainda que meio canalha de vez em quando.

Mas, ei, eu não namorei umas meninas aí uns anos atrás? Teve até quem dissesse que fui sim um bom namorado...


* - em minha defesa gostaria de dizer que também não é uma questão em que eu enxergo as mulheres com quem eu saio como máquinas que podem me satisfazer e que suas idéias, pensamentos e vontades são um defeito de software. Eu não saio com pessoas com quem não consigo sentir algum tipo de atração mínima e não me refiro apenas atração física. Eu tenho que me sentir minimamente à vontade, o que quer dizer que tenho que achar esta pessoa bacana e instigante em alguma coisa que seja. Resumindo: já passei da idade de sair com qualquer piranha e desejar que meu orgasmo a transforme em pizza, como diria aquela nossa conhecida piadinha entre hominhos.

Que saudade de certas coisas por estes dias. Vejam, eu até escrevi um texto enorme...