quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Macauley Culkin

Já tentei alegar todos os motivos clássicos. Necessidade de crescer, se desprender das asas da mãe, aprender sobre responsabilidade, vida adulta, ter 30 anos de idade e precisar parar de viver como um adolescente. Sem contar o maior clássico de todos: montar seu próprio salão de festas com quarto de motel privado. Acho que o melhor motivo ainda é: necessidade de controlar pessoalmente meias e cuecas.

O processo todo: usar, colocar no cesto, lavar, por pra secar, dobrar, colocar na gaveta, usar até borrar ou encher de micose, colocar no cesto e assim por diante.

Veja, mamãe não deixa eu fazer isto. O processo todo. Revolução industrial, a alienação do trabalho se aplica: eu faço a parte de usar até borrar ou encher de micose e colocar no cesto. Tenho licença para usar o chão do quarto como cesto, mas achei que poderia pelo menos nisto tomar parte, então não faço. Não consigo conhecer todas as pontas do processo, estou proibido pela mamãe que é maluca e controladora. A mais maluca e controladora de todas. "Mas Clay, eu também sou um sem vergonha que mora com a mamãe e ela não me deixa controlar minhas roupas, ela é maluca e controladora que nem a sua, por que você acha que a sua é mais?" Fácil: porque ela é a minha mãe, não a sua e isso faz dela a mãe mais maluca e controladora que pode habitar este blog.

Não é pela mordomia em si. Eu gosto de mordomia, eu assumo o papel de joinha da mamãe quando é conveniente. Mas cuecas e meias tem este problema: se você não for extremamente meticuloso, eles somem. Meias tem esta propriedade irritante de funcionar aos pares. Então eu uso o par e ele vai para o cesto. Quando ele volta não constitui mais um par e aí, naquele dia em que você finalmente conseguiu convencer alguém como, sei lá, a rainha do pompoarismo a sair com você, você descobre que tudo o que você tem é um pé de meia de lã verde e um outro de uma meia preta social. Não da pra sair assim. Sair com uma mulher com um pé verde e o outro preto é o jeito mais fácil de fazê-la perceber o Fasano como se estivesse no Habib’s.

Cuecas são o mais triste. Porque você tem a cueca bonita, reluzente e que faz seu pau parecer enorme e aquela cueca que já ta sendo requentada em microondas pelas traças. E esta última funciona para aqueles dias em que você sabe que não vai tirar as calças por nada. Como quando você é convidado para a circuncisão de uma criança judia. Exceto quando você é a criança judia, mas isto não vem ao caso. Então você usa as cuecas boas de fazer seu pau parecer enorme em algum dia e depois ela vai para o cesto. Some misteriosamente por muito tempo e um dia você lembra dela, sai à busca. Não é na cidade submarina de Atlântida que você vai encontrar, mas sim num lugar muito mais insólito: no armário do seu cunhado. Seu cunhado, aquele que deve usar cuecas uns 3 números maiores que o seu mas que, ainda assim, acha um jeito de usar aquelas cuecas. Tornando-as impraticáveis. É a interdição da cueca: jogue-a em uma área remota e coloque um cordão de isolamento em volta. Chamem a polícia! Chamem o CSI Carapicuíba! Chamem a inquisição espanhola! Vejam, cuecas são bens inalienáveis, não se empresta uma cueca. Você até doa uma cueca, mas não empresta. Você não pode relacionar cuecas em documentos de fiança para imóveis e existe um bom motivo para isto.

Então, entendam, não é uma questão de amadurecimento para a vida. É uma mera questão de controle sobre o guarda roupas. Mais nada. Ponto final.

Estou proibindo piadinhas sobre meu cunhado usando minhas cuecas. Escatologia tem limites, ok?

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

You speak my language

Desde o começo da vida, conseguir se comunicar é um dos principais meios de sobrevivência que temos à disposição. Não só para nós, seres humanos, mas de todos os seres vivos. Vegetais assimilam informação do meio ambiente em que estão. Neurônios transmitem informação uns para os outros, provando que não são só computadores que funcionam a base de dados.

Desde o começo também buscamos formas de melhorar a comunicação para tornar a vida mais agradável. Quando se convencionou que "uga" significava "meu precioso" e "buga" era alguma coisa equivalente a "já dançou com o demônio sob o pálido luar?", demos os primeiros passos para um melhor entendimento entre as pessoas. Hoje, somos inúmeros povos com um sem-número de idiomas que vivem se mesclando. Um dos efeitos da globalização é a aproximação de termos e absorção de palavras de outros idiomas, para expressar com mais eficiência sensações e situações que não estavam bem representadas. É por isso que hoje deletamos, as mulheres (e alguns homens) usam lingerie, comemos hambúrgueres e tantas outras coisas que não faziam parte do nosso dia-a-dia. As línguas são formadas a partir de outra e nunca param realmente de se formar.

...mas nada nem ninguém coloca na minha cabeça que "realizar" é sinônimo de "perceber". Não em português. Não.

Simplesmente não.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Mim, Tarzan.

Não é pequeno o número de mulheres que podemos encontrar usando roupas com motivos animais pelas ruas hoje em dia. Por "motivos animais", não me refiro a estampas de surfistas, urrú. Não, infelizmente estou falando de quem insiste em usar vestidos com estampas de oncinha. E, mais infelizmente ainda, não para por aí. Pra minha tristeza e maior decepção com a humanidade, agora é possível encontrar roupas com estampa de zebra e até tigre. É muita falta do que fazer, de verdade.

Numa boa, sabe quem tem direito a usar essas roupas? Quem vive no meio da selva e precisa matar pra sobreviver. Pra se aquecer dos rigores do inverno. Pra se proteger dos insetos. Pra mostrar que é um bravo guerreiro e deve ser respeitado por sua coragem e valentia. Porque, afinal de contas, não é todo mundo que consegue abater um tigre, convenhamos. Exige uma certa dose de esforço. O Russel Crowe, que é o Russell Crowe, precisou de um bocado de sorte.

Pessoas assim a gente corrige com uma boa e velha surra de Bíblia. Daquelas bem pesadas. Quando a mulher sente o peso da palavra, para com essas coisas.

(não, eu não estou defendendo a Bíblia de verdade. é que acho essa expressão - "surra de Bíblia" - muito foda e procuro utilizá-la sempre que surge a oportunidade!)