domingo, 26 de julho de 2009

Também te amo

Em essência, a tecnologia existe para tornar mais fácil a vida dos homens. Não só dos homens, como das mulheres e até de alguns cachorros, em alguns casos.

O meu primo (na verdade, filho do primeiro casamento da esposa do meu primo - mas vamos chamá-lo de "meu primo" que é muito mais fácil) disse que meu celular permite bloquear alguns conteúdos para que só algumas pessoas possam ver. Fotos, mensagens, essas coisas. Não sou exatamente um perito nas capacidades extracurriculares do meu celular. Sei que ele faz e recebe ligações, recebe e envia mensagens de texto, tira fotos, toca música etc. e já tá de bom tamanho. Estava voltando hoje de uma sessão bastante inusitada de fotos quando resolvi fuçá-lo, meu celular. E, muito por acaso, entrei na parte de modelos de mensagens SMS. Aquelas que a gente usa quando não tem tempo ou é muito preguiçoso para pensar e escrever uma mensagem completa.

"Desculpe meu atraso, estarei aí às...."
"Estou em reunião, ligue às.."
"Também te amo."

Peraí. "Também te amo"? Isso é o cúmulo da ociosidade e do anti-romantismo! Ou antirromantismo, ainda não me acostumei às novas regras de ortografia. Qualquer pessoa que tem a coragem de mandar uma mensagem dessas não só abusa dos benefícios da tecnologia, mas deve ter um caroço de abacate no lugar do coração. Puta sacanagem! É, também te amo. Fique com o troco. Dois, um sem gelo e o outro pra viagem. A gente se fala.

E nem vou falar sobre a pessoa que resolveu colocar essa mensagem lá. Essa, se teve um bicho de estimação, era um tamagochi. Que morreu de desgosto.

Tremenda frase feita, mecânica. Outra coisa em que não sou perito é em romantismo. Mas até eu sei que isso não se caracteriza como.

terça-feira, 21 de julho de 2009

A crise dos 29

A crise dos 29

Eu não penso nisto como a crise dos 30. É um pouco ridículo dizer que você está reavaliando toda a sua vida porque você atingiu uma marca de idade. E ainda adotar um decimal exato, o 30, como se o 29 fosse pior ou como se o 31 fosse resolver os problemas do mundo. Se alguém me pergunta eu não falo "é que estou com 28 anos e tendo uma sensação de que estou estagnado em certos pontos sem saber o que fazer para progredir neles". Não penso no 30, só penso que já vivi uma quantidade de anos suficientes pra largar mão de certas babaquices. Mas não da para negar que logo completarei 30 anos de idade e estou repensando na vida. Sabe como somos nós, pessoas que andam na contramão das micaretas: a gente não gosta de se render aos clichês. Eu não gosto e não me rendi, como todos aqui podem perceber. Ou mesmo como o dia dos namorados, que foi justamente numa época em que eu pensava que gostaria de estar namorando. Vejam, não tem qualquer relação com o dia dos namorados. Porque querer namorar no dia dos namorados é coisa de gente babaca. E estou afirmando que não foi isto que aconteceu, notem. Não sou este tipo de gente, eu acho

Tanto faz se é a dificuldade dos projetos de vida, dos pequenos cansaços do dia a dia, da dificuldade extrema que se instalou no quesito sustentar amizades e no crescimento exponencial da minha preguiça de conhecer pessoas e fazer concessões que ferem os meus princípios egoístas, aqueles, que eu sempre cultivei com tanto carinho. Enfim, acho que é uma agonia de proporções moderadas antes do aniversário. Pelo menos disto eu escapei: as pessoas gostam de falar de um tal de inferno astral que viria antes do aniversário, não depois.

domingo, 12 de julho de 2009

Burguer King

Quando como no Burguer King, costumo pensar que ele foi inventado pelo Larry Flint. Quer dizer, você tinha um mundo com a revista Playboy e o McDonald's. Aí veio o Larry Flint e eu penso que as coisas aconteceram exatamente como foi retratado no O Povo Contra Larry Flint: ele olhou a Playboy e disse "mas não é isto que as pessoas querem comer: elas querem carne de verdade". Depois disto alguém levou a frase dele mais ao pé da letra e criou o Burguer King, onde se come carne de mentira, mas com sabor artificial de carne de verdade.

Particularmente eu gosto do Burguer King. Não ligo para a Hustler. Nem para a Playboy, exceto por aquela curiosidade que leva a gente a querer ver do que se trata a celebridade X. Aí a gente ve que se trata de Photoshop e silicone. Carne de verdade, mas com sabor artificial de carne de mentira. Acho que era mais interessante na era pré silicone e photoshop: eles colocavam a Betty Faria, a Hortência e a Lucélia Santos. Daí você podia pensar que não era carne, era só tofu mesmo. Nunca vi peitos de silicone pessoalmente, mas vocês sabem que eu até queria.

Esqueci onde queria chegar com este texto. Não era sobre silicone e photoshop, era sobre Burguer King mesmo porque foi lá que eu comi hoje. Não no puteiro.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Qualquer Coisa

Quando comecei a brincar de blog, achava que ninguém jamais leria aquelas coisas. Então eu realmente falava qualquer coisa. Contava os foras que levava das meninas, contava sobre o quanto odiava seres humanos, contava sobre as angústias de ganhar pouco em um empreguinho fedido e uma vez por semana postava quanto o meu pau media, só para ter certeza de que ele não era mesmo como o nariz ou as orelhas que crescem com a idade. Eu tinha 22 anos, pouca estima pela minha vida e orelhas e narizes menores do que tenho hoje com quase 29 anos.

Tinha um grupo de amigos que lia estas minhas tralhas de gente que tem nariz e orelha pequenos e admiravam a minha coragem de me expor. Consideravam que eu era uma pessoa desbocada e verdadeira. Era a galera desta menina que eu conheci por causa de blog, todo mundo ali achava isso, exceto a menina propriamente. Ela dizia que eu fazia papel de ridículo e que induzia as pessoas a torcer pela minha desgraça. Ficava me desincentivando, de certa forma, a brincar de blog. Eu costumava pensar que ela só tinha inveja porque o blog dela era bom, mas os amigos dela comentavam para ela a respeito do meu, e não do dela.

Não acho que eu tinha uma qualidade superior de texto, temas ou qualquer coisa assim: mesmo mesmo acho que eles estavam mais curiosos para saber quem era essa pessoa nova escrevendo, enquanto ela era a mesma que eles já conheciam há uns anos. Ou seja, eu não acreditava que estava me fazendo de coitado, pescando vibrações pessimistas para alimentar ainda mais o meu então pessimismo ou coisa assim: só achava que ela tinha mesmo algo entre o ciúme dos amigos e a inveja. (Inveja de mim, ciúme dos amigos, neste caso era exatamente a mesma coisa). Nunca achei isto. Mas uma coisa é: naquele tempo eu não conhecia a maioria das caras e não convivia com muitas pessoas que liam isto daqui, então não tinha vergonha.

Acho que ando com isso aí, um misto de vergonha e preguiça de escrever. Mais o segundo do que o primeiro. Então nada parece mesmo um assunto, mas eu gosto desse espaço, então to escrevendo isso aqui, que eu carinhosamente estou apelidando de "qualquer coisa" a fim de tentar quebrar um pouco do gelo. Não sei se vai funcionar. Eu poderia falar sobre meus planos profissionais, poderia falar sobre a crise econômica mundial e poderia falar sobre como a minha vida adulta anda fazendo tudo parecer tão inviável. Tudo isto é um assunto. No entanto parece que eu não consigo mais elaborar as coisas.

Não sei o que acontece. Bloqueio de artista, alguma putaria do gênero, sei lá.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

A espinha era a lei

Ontem eu devia estar com muita fome mesmo, ou então tenho algum tipo de ódio reprimido por peixes. Do fundo da minha alma, devo dizer que não guardo por eles nenhum rancor por relacioná-los com o cristianismo, nem acho que eles carreguem nenhum significado obscuro.

O caso é que dei uma mordida com tanta vontade no peixe que comi ontem no almoço que ainda agora consigo sentir uma espinha presa na minha garganta.

Acho que vou dar algum nome a ela e adotá-la de vez. Esse pode ser o início de um longo relacionamento.