terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Sophia, a cadela gente fina


eu sei que a foto é estourada e não está muito boa. a escolha é pelo que ela ilustra

Não tenho certeza da idade dela. Eu costumava pensar que encontrei ela (portanto, que ela nasceu) aos meus 12 anos de idade, então dizia que ela estava com 18 anos de idade.Mas eu não tenho muita certeza disto. Eu esperava que a qualquer momento eu fosse acordar e dar falta dela e do meu carro na garagem porque é o que as pessoas de 18 anos fazem. Não deu tempo dela fazer isto. Mas o importante é que sei que ela viu o impeachment do Collor e o fusquinha do Itamar. Viu o Brasil ser tetra. Viu eu comprar um videogame no lugar de dar entrada em um carro, me arrepender e ainda ter o videogame quebrado. Viu eu aprender a dirigir, viu eu entrar na faculdade e sair dela. Viu eu entrar e sair de depressão. Viu todas as minhas namoradas. A Sophia, a cadela gente fina, viu tudo.

A Sophia, a cadela gente fina, pelo que eu me lembro era o presente de dia das Mães da minha mãe. E no começo deu muita briga, porque já tinhamos um outro cachorro que não foi muito com a cara dela (na verdade ele não ia com a cara de absolutamente ninguém).

E ai que a Sophia dominava a casa, eu dormindo no chão para a Sophia, a cadela gente fina, dormir na minha cama escondido da minha mãe, eu dormindo no chão para a Sophia, a cadela gente fina, dormir na minha cama com o consentimento da minha mãe e, afinal, todos dormindo no chão.

A Sophia era esse tipo de cachorro sem noção. No sentido da pureza mesmo. Armava estas cenas esquisitas como a da foto e fazia esta cara aí de isso aqui é normal, você que não é, não sei do que você ta rindo. Ou sentar numa escada com a bunda num degrau e as patas da frente no nível do piso. Ou deitar na sua cama toda atravessada de um jeito que você mesmo não caberia nem se esforçasse muito. Vocês entenderam. Mas acho que, de tudo, o que a gente mais gostava da Sophia, a cadela gente fina, era o rabo dela. Cada vez que ela balançava o rabinho para os lados, a gente balançava inteiro. Nós já tínhamos outra cachorra, mas ela tinha o rabinho cortado. A Sophia era assim, com rabo. Se eu pudesse pensar em alguma coisa para chamar de alegria que contagia, com certeza esta coisa seria o rabinho da Sophia.

Eu tive diversos outros bichos. Antes da Sophia, a cadela gente fina, já tive tartaruga, peixinho, gatos e uma outra cadela. Ainda tenho outros no estoque lá em casa. Mas desse pessoal todo, ninguém eu gostei tanto quanto ela. Eu sempre soube que ficaria muito triste quando ela se fosse, mas é o tipo de coisa que a gente nunca sabe o suficiente até acontecer. De vez em quando chego em casa e ainda olho pros cantinhos onde ela costumava ficar mais depois que ficou velhinha. O céu dos cachorros deve estar em festa até hoje. Sorte do céu, azar da família Clay, vocês sabem como funcionam os ciclos.

Todo mundo que tem bicho fica com aquela viadagem de dizer "é a minha filhinha". Minha mãe gostava de dizer que ela era a mãe da Sophia e que eu era o irmão.Hoje fazem dois anos que ela se foi, não sou do tipo de fazer posts desse tipo, mas a Sophia a cadelinha gente fina merece.

E você aí não pode me condenar em pensar num céu de cachorros como uma criança faria: é o meu cachorro de infância, desde os meus 12 anos de idade. A Sophia, a cadela gente fina, viu tudo.

37 comentários:

Ligia Helena disse...

:~~~~~~~~~~~

Rô disse...

ela esta bem, em um lugar melhor.
beijos!

renata disse...

:*****

Clayton Ferreira disse...

hum??? O_o
nãoooo, não é vc...

madame ç disse...

a Sophia foi uma cachorra que, além de gente fina, era feliz.

isso não tem preço.

**abraça**

Clayton Ferreira disse...

Ela foi. A gente também.

babsiix disse...

Não faz assim q eu choro

Clayton Ferreira disse...

Não chora não. Já deu gente demais chorando pela Sophia na época.

Bia disse...

Ela está em forma de fantasminha Jedi!
Que a força esteja com você.
Bjs.

Monique disse...

Me emocionei... acho que todo mundo que já teve a graça de amar e ser amado por um bichinho, sabe como dói quando o tal ciclo impiedoso e implacável se encerra. Nem o tempo cura essa saudade...
Bju

Clayton Ferreira disse...

É aquela história: vira um membro da família mesmo. Especialmente assim, quando é um cachorro criado dentro de casa.

Carol disse...

quem diria...

Clayton Ferreira disse...

O que?

mandy disse...

=*

Carol disse...

você.

Clayton Ferreira disse...

Eu o que? Fala, ô!

débora disse...

quando eu era criança eu queria ter um cachorro para ficar dentro de casa, como nos filmes e na casa dos vizinhos, mas a minha vó nunca deixou.

boa essa idéia de dormir no chão. pena que eu não a tive. e acho que a minha vó nem ia se importar, viu.

pensei outra dia em ter bichos, mas sempre resolvo morar em lugares que não pode. e fico pensando no que vou fazer quando eles morrerem.

Clayton Ferreira disse...

Bom, pegar um cachorro já pensando no dia em que ele vai morrer realmente não funciona.

débora disse...

mesma coisa de comprar um carro pensando no ipva e no seguro quando você cometer o primeiro acidente. ou começar a pegar uma mulher imaginando como ela vai ser chata, insuportável e barriguda daqui a 5 anos. ou ainda... não... isso tudo DEPRESSIVA muito.

Barabara disse...

esse negocio de ciclos é uma bosta, né? =

mas... a Sophia nao teve filhotes?

Clayton Ferreira disse...

Não teve não... tava mais pro estilo velha virgem mesmo.

Ione disse...

Eu não vou chorar, não vou chorar, não vou chorar.

Clayton Ferreira disse...

Ah, mas não mesmo. Não é isso que eu quero.

Carol disse...

sweet.

Clayton Ferreira disse...

hahahahahaha loka!

jan disse...

Ela tinha o módulo fofinho permanentemente ativado, né? hehehe

Clayton Ferreira disse...

Ah sim. A gente sempre ficava com aquela cara de "oh, que bonitinha"

Tina Lopes disse...

Ela balançava o rabo e vcs balançavam inteiros. Bem assim mesmo.

Chá Verde Com Limão disse...

A Mona também senta num degrau com as patinhas da frente no nível do piso. Ela faz isso no braço do sofá também, no colo da gente... ai, aí! Tem uma foto dela lá no meu orkut, no sofá, deitada, achando que é um gato!!!

Laka disse...

A Sophia era mtooo fofa! A Emily tb.
Eu morro de saudades de todos os meus cachorros que já se foram... lembro de todos os momentos com eles, não foram poucos! E ainda sonho com eles.
Quem eu mais sinto falta é do boxer Vick, ele foi pra casa qdo eu tinha 9 anos e faleceu qdo eu tinha 18. Ele não deixava ninguém chegar perto de mim, era super ciumento. Mas era mega carinhoso, queria sempre colo (sim, um boxer queria colo) e eu adorava apertar as bochechas dele... saudades até hj, acho que chorei 1 semana sem parar...
Mas é mto bom ter bichinhos, eu tenho certeza absoluta que eles nos entendem, entendem nossos sentimentos.

Balé disse...

Puxa... eu lembro quando a Sophia se foi.

É triste. Todo mundo que te lê há tempos estava acostumado a te ler ás vezes falando dela no maior carinho...

Carol disse...

você estará em casa no fim de semana?

Clayton Ferreira disse...

RT Laka:
Cachorros tem frequentemente esse tipo de crise de identidade superprotetoras. Já reparei isso.

Mas a Sophia era tão gente fina... uma vez ela fez um buraco na calça de um amigo meu com uma dentada. Todo mundo diz que é porque ela não gostava de visita, mas eu penso que ela tinha visões futuristas de moda.

Mai Saito disse...

T_T...queria ter conhecido a Sophia.

Thalita disse...

Eu sei que a idéia do post não era essa, mas preciso dizer que este foi o primeiro post de blog que me fez chorar.

Eu não conheci a Sophia, obviamente, mas desde que comecei a ler seu post achei ela muito gente fina mesmo.

Um abraço pra vc.

Ana Paula disse...

Aw, só soube disso agora. Que bom que a Sophia teve uma vida feliz com uma família legal :) Linda homenagem.
:-**

Elisandro Borges disse...

Cara, é foda. Eu entendo a falta que você sente dessa cadelinha, gente fina... porque é gente mesmo, e sempre vai ser pra quem tem um animal de estimação. E é muito doloroso perder uma companheira dessas...